O Observatório Mídia&Política lançou a primeira edição de 2011 de sua revista com um dossier sobre "A comunicação no governo Lula". As perguntas de partida são: Como se desenvolveu a política de comunicação nos dois mandatos de Lula? De que maneira funcionou a Secretaria de Comunicação da presidência da República? Como foi a comunicação de Lula com a população? No site www.midiaepolitica.unb.br, pesquisadores discorrem sobre esse tema em vários artigos. Eis um resumo deles:
De chimarrão e churrasco, tutu e cachaça - Sérgio Dayrell Porto
Dilma pode ter novas relações com a imprensa, pois além de falar inglês e de ter-se preparado, vai se defrontar, a par da mídia tradicional, com a mídia dos movimentos sociais. De sangue mineiro e gaúcho, espera-se que ela saiba temperar tanto o chimarrão quanto a cachaça, o churrasco como o tutu de feijão.
Versões, contraversões e preconceitos - Sylvio Costa
O mais grave dos episódios vividos pela política de Comunicação do governo Lula foi a expulsão de Larry Rohter (New York Times), por causa de matéria sobre o hábito de beber do presidente. Fora esse equívoco, a democracia e a liberdade de expressão não foram colocadas em risco. Nessa área, os sinais mais preocupantes vieram do Judiciário.
Política de comunicação tem sucesso no exterior - Thais de Mendonça Jorge
O Brasil precisa resolver problemas como a baixa escolarização, qualidade do ensino, a inflação e o excesso de consumo. No exterior, entretanto, o país consegue passar uma imagem de desenvolvimento e pujança. Essa imagem está muito misturada à do próprio presidente Lula, visto como líder, estadista e herói em muitos países, graças à política de comunicação do governo.
Lula usa imagem na TV - Célia Ladeira Mota
A imagem do presidente-gente-como-a-gente foi se fixando no imaginário popular. Lula compreendeu bem que a mídia televisiva era o espaço público do espetáculo: tornou-se parte do espetáculo, para prazer e alegria das massas. Ele deve à TV os altos níveis de aprovação, especialmente no segundo mandato.
Blogs e redes sociais na nova esfera pública - Luiz Motta
Independentes, ágeis e interativos, blogs e portais, somados às redes sociais, estão solapando o poder da grande mídia e transferindo-o para o ciberespaço, nova esfera pública da política brasileira. O período Lula foi um laboratório natural para observar essa mudança significativa na democracia de massas. Um espaço mais livre e equânime está se constituindo.
Queda de braço governo/empresas - Venício A. de Lima
Na mídia brasileira, as leis estão fragmentadas ou não foram regulamentadas pelo Congresso. Não há diálogo entre os atores dominantes e a sociedade civil. Quanto à propriedade dos meios, não houve alteração entre 2003 e 2010. Esse período foi marcado: (1) pelo avanço da internet e (2) pela posição radical dos grupos privados de mídia.
Quebra-queixo no Planalto - Franklin Martins
O símbolo do trabalho da Secom nos últimos quatro anos é o quebra-queixo. Fugindo à fama de caótica, essa modalidade de entrevista coletiva foi organizada pelo Planalto como maneira de aproveitar a espontaneidade de Lula. O formato seria: bandeira ao fundo e presidente num pódio respondendo a perguntas. Lula falou em quase 500 quebra-queixos.
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