O Ocidente, inculto e belo, teme que uma revolução integralista varra agora o Egito. Algo semelhante à que varreu o Irã em 1979. Não que não seja possível tal coisa - embora a temida entidade Irmãos Islâmicos não o intente.
Ocorre que é preciso entender melhor de onde vêm esses ventos do integrismo islâmico. Vou contar uma historinha: Há cerca de dois séculos, dois clãs: o dos Saud e o dos Wah'aab se uniram em busca da unificação e domínio da Península Arábica. Na década de 1930 esse processo resultou na unificação dos dois grandes reinos da penísula, Hejas e Nejd, por meio da qual se criou o Reino da Arábia Saudita.
O reino foi criado sob um manto ideológico de uma forma brutal de islamismo, o chamado Wahaabismo, filosofia que permeia o pensamento da Família Real Saudita até hoje e que compreende a associação entre política, economia, guerra e islã como um fato social total.
A Arábia Saudita financia a difusão dessa ideologia por todos o mundo muçulmano. E, pior: os Estados Unidos são seu aliado principal. Seu triunfo no Paquistão é assustador. No Irã, ao contrário do que se apregoa, essa ideologia não faz nenhum furor. O problema lá é outro.
A questão a considerar é a seguinte: de que modo o wahaabismo vai chegar ao Egito? Se ele chega associado às forças armadas o mundo terá um problema. Se chega como substrato ideológico, através das máquinas de pensamento presentes no mundo árabe, o problema não deve ser maior, porque o Egito também tem a sua complexidade, e é com complexidade que se desconstrói a simplicidade...
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