Crônica 4
Para onde vão e o que fazem os imigrantes
Ontem falei sobre a economia da imigração para o Canadá. Hoje continuo no tema, trazendo alguns dados mais específicos sobre a demanda colocada, aos imigrantes, pelo mercado de trabalho das diversas províncias do país.
O primeiro ponto a considerar é que esse mercado de trabalho tem importantes variações regionais. No Ontário, a província onde se situa Toronto, por exemplo, a principal demanda é por médicos, professores e profissionais de serviço social em geral. A província experimenta uma grave penúria desses profissionais, e estima-se que, nos próximos anos, vai abrir milhares de postos, oferecidos tanto pelo setor público como pelo privado. A médio prazo, é o setor minerador que deve empregar mais no Ontário, pois há vários projetos em elaboração. E há, porfim, quem aposte na recuperação da indústria automobilística, prejudicada desde a crise de 2008. Com uma população de 13,2 milhões de habitantes por lá, dos quais 27,5% são imigrantes e a taxa atual de desemprego é de 8%.
Já o Quebec, com 7 milhões de habitantes, há sempre várias frentes econômicas: a indústria aeronáutica, de comunicação e informação, de transformação de alumínio e madeira, bem com o setor agroalimentar.
No outro extremo do país, a província da Colúmbia Britânica, onde fica Vancouver, possui uma população de 4,5 milhões e um percentual de imigração similar ao do Ontário. Os empregos estão no setor minerador e na exploração florestal, com uma peculiaridade interessante: 1/5 dos empregos oferecidos é em tempo parcial.
As três províncias do centro do pais – Alberta, Saskatchewan e Manitoba – são o Eldorado do emprego no Canadá. Lá, precisa-se de mão de obra para tudo: agricultura, indústria, serviços. Em Alberta, a indústria petrolífera e de betuminosos, motor da economia local, sofreu um baque em 2008, gerando uma taxa de desemprego que ainda hoje alcança 9%, mas começou a se recuperar. Das três províncias é a mais populosa – com 3,7 milhões de habitantes, contra cerca de 1 milhão em cada uma das outras duas – e, por isso, tem a economia mais variada. Na demais, as taxas de desemprego são inferiores a 5%.
Nas três províncias do Norte - Nunavut, Território do Yukon e Territórios do Noroeste -, bem como nas quatro do Atlântico - Nova Scotia, Nova Brunswick, Ilhas do Príncipe Eduardo e Labrador/Newfoundland -, as economias são pequenas e as taxas de desemprego elevadas (cerca de 11%), mas também experimentam bons índices de crescimento, com destaque para a construção civil e para a indústria, na região do Atlântico, e para a construção e o serviço público no Norte. Também importante considerar que o salário, no Norte, é em média o dobro do restante do país, para compensar as condições de vida mais duras.
Eis aí um painel, que pode ilustrar melhor o que falei, ontem, à respeito da necessidade de mão-de-obra estrangeira qualificada no Canadá.
Crédito das imagens: Frank Lemire, fotógrafo de Toronto.
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