Pular para o conteúdo principal

Uma palavra sobre o PPA do governo Jatene

Há um consenso na economia: o de que dinheiro só é capital quanto investido em produção. Smith, Marx e Keynes, por distantes que estejam, um de outro, concordam que o que produz riqueza são os meios de produção; seja ele privado, estatal ou misto. A Alemanha sabe disso - aliás, aprendeu-o na marra, com a crise que se seguiu à Primeira Guerra. A receita dos anos 30 foi aplicada novamente nos anos 50 e nos anos 90, com a unificação. Por isso a Alemanha está (relativamente) bem na conjuntura de crise atual. Grécia, Portugal e outros estão mal porque nunca entenderam essa receita. Com o aprofundamento da União Européia, acreditaram que poderiam viver de especulação. A Grécia, por exemplo, afundou sua indústria naval. Portugal, por exemplo, a sua indústria tecnológica. Essa foi a intenção de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB-DEM, quando governaram o Brasil, anos atrás: criar um espaço para a entrada do capital especulativo.

Quando o PT governou o Pará, construiu um plano coerente e consequente de dotar o estado de um aparato produtivo que unia base industrial (Alpa, ZPE de Barcarena, distritos industriais em Santarém, Marabá e Ananunideua), tecnologia (Parques de tecnologia em Belém, Santarém e Marabá) e informação (NavegaPará, para além dos infocentros, embora eles não sejam menos importantes).

O governo atual fez aprovar, pela Assembléia Legislativa, seu PPA, o Plano Plurianual de Ação. Pelo que vi, não há, nele, um projeto de desenvolvimento coerente e consequente. No máximo, pensa-se no Pará como repositório para a fuga do capital especulativo. Nem sinal de capital produtivo. Nem sinal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

Solicitei meu descredenciamento do Ppgcom

Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa.     Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...

Artimanhas de uma cassação política: toda solidaridade a Cláudio Puty

Pensem na seguinte situação:  1 - Alguém, no telefone, pede dinheiro em troca da liberacão de licenças ambientais. 2 - Essa pessoa cita seu nome. 3 - A conversa é interceptada pela Polícia Federal, que investigava denúncias de tráfico de influência. 4 - No relatório da Polícia Federal, você nem chega a ser denunciado; é apenas um nome, dentre dezenas de outros, inclusive de vários parlamentares. 5 - Mesmo assim resolvem denunciar você por corrupção ativa. 6 - Seu sigilo telefônico é quebrado, sua vida é revirada. Nada é encontrado. Nada liga você àquela pessoa que estava pedindo dinheiro. 7 - Mesmo assim, você é considerado culpado. 8 - Os parlamentares, igualmente apenas citados, como você, são inocentados. Mas você, só você, pelo fato de ter seu nome citado por um corrupto, você é considerado culpado. É isso que acabou de acontecer com o deputado federal pelo PT do Pará Cláudio Puty. Ele vai entrar com um recurso junto ao Tribunal Sup...