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Eleições na França 22: Os resultados do primeiro turno deformados pela Rede Globo


O comentário da Rede Globo foi ridículo: Renato Machado disse, no Bom Dia Brasil de ontem que, se o voto em Hollande foi de protesto contra Sarkozy, a diferença de 2 pontos percentuais entre eles foi pequena demais para atestar que a França queira, de fato, mudar de política.

E depois entrou Miriam leitão dizendo que uma mudança de política, a esta altura da crise, coloca a Europa em cheque. Muita bobagem, como sempre.

Primeiro, porque o voto de François Hollande , antes de tudo, foi um voto dos socialistas. Que, naturalmente, sempre protestam com a UMP de Sarkozy. Mas que possuem um projeto próprio.

Segundo, porque é o voto na extrema direita - a Frente Nacional, de Marine Le Pen - que significa um voto de protesto contra Sarkozy.

A Globo é que teima em analisar o crescimento da extrema direita como um fenômeno totalmente desvinculado do protesto a Sarkozy.

Além de tudo, por fim, a Globo, simplesmente, esqueceu de mencionar a votação surpreendente, de 11,5%, recebido pelo candidato da Frente de Esquerda, que une comunistas e uma parte da esquerda radical, Jean Luc Mélenchon. Como se ele não existisse, apesar de ser um fenômeno eleitoral ainda mais impressionante que Marine Le Pen, já que passou de míseros 2% das intenções de voto para respeitáveis 11,5% que irão na direção de Hollande sem pestanejar, mesmo porque já foram convocados, publicamente, para o fazerem.

E o voto em Mélanchon também é um voto anti-Sarkozy.

Moral da história: leiam este blog, e não assistam mais à Globo (hehehe).

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