Eleições na França 4: A vitória provável, embora não eleitoral, da ultra-direita e da ultra-esquerda.
Qual for o resultado das eleições, ele será um resultado ao centro.
Mas os verdadeiros vitoriosos estarão à esquerda e à direita, simultaneamente. Explico: a candidata Marine Le Pen, filha do célebre Le Pen, líderes da ultra-direita, radical e rancorosa, é um fenômeno de comunicação, e sua popularidade não para de crescer junto aos eleitores jovens.
Por outro lado, Jean-Luc Mélenchon, candidato da Frente de Esquerda, com 14% das intenções de voto, surpreende e garante um papel político maior no futuro do país.
Os discursos de Mélenchon têm conteúdo, coisa que a opinião pública local exige aos candidatos. E mais que isso: têm coragem, inclusive de propor soluções originais para velhos problemas. Seu ponto forte é sua fala sobre educação, absolutamente inovadora. É o candidato elogiado por todos, um modelo... contra o qual ninguém pode ir contra.
Um exemplo: no último dia 18 de março, aniversário da revolução da Comuna de Paris, conseguiu reunir 120 mil pessoas na praça da Bastilha para ouvir seu discurso. Os analistas estimam que isso não aconteceu com nenhum candidato nos últimos 50 anos.
O programa político de Mélenchon, como disse, é inovador e ao mesmo tempo corajoso. Seu título, por exemplo, é: L’Humain d’abord! (Primero o humano!). Apenas com sua venda, conseguiu dinheiro para emplacar a maior parte de sua campanha.
O que ele propõe, em síntese: repartir a riqueza; combater a inseguridade social; diminuir fortemente o poder dos bancos e dos mercados financeiros; um planejamento ambiental e ecológica responsável; convocar uma Assembleia Constituinte para uma nova Constituição (o que equivale, para os franceses, a uma VI República); retirar a França do Tratado de Lisboa e reinventar a Comunidade Européia e... iniciar a desmundialização…
Ok, há oportunismo em alçgumas dessas histórias, mas isso encanta uma imensa parte dos franceses, mesmo os que não irão votar nele.
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