A pesquisa CNI/Ibope feita entre os dias 6 e
9 de dezembro, afirmou, mais uma vez, a boa aprovação do governo Dilma: 62% das
pessoas o consideram “ótimo” ou “bom” e 78% aprovam seu trabalho. A presidenta
chega à metade de seu mandato com índices de avaliação melhores que a de
qualquer um de seus antecessores, no mesmo período.
A mídia dominante explica essa situação de
maneira simplista, por meio do bordão “É a economia, estúpido!” – ou
equivalente. Se a economia vai bem, o governo vai sendo aprovado. Uma
explicação que trai o preconceito conservador que considera que a avaliação
política feita pelo “povão” é exclusivamente intuitiva e capaz de produzir
raciocínios unidimensionais.
As raízes dos altos índices de aprovação do governo são uma
equação complexa. Não vou explorá-la, mas é preciso lembrar que ela é complexa
e que se deve a bem mais que a conjuntura econômica.
Levando isso em consideração, o prognóstico básico para 2013 é
extremamente favorável para o governo.
Mas uma coisa é o que o Governo espera; e outra o que pode
esperar. O que o Governo espera ficou claro com o discurso de apresentação do
plano de logística feito pela presidente Dilma, no último dia 20 de dezembro.
Vocês viram? Ele teve uma mensagem objetiva sobre a visão de conjuntura do
governo. Decompondo o discurso de Dilma à sua essência, pode-se dizer que seu
plano de governo tem três pontos:
1. Acabar com pobreza extrema;
2. Preparar um salto para economia cada vez mais competitiva;
3. Melhorar a educação, vista como a ponte que une os dois
objetivos.
Disse a Presidenta: “Precisamos de um país capaz de gerar
ciência, tecnologia e inovação, mas ninguém vai fazer isso achando que é
possível segregar um grupo de brasileiros e dizer esse vai ser o inventor, o
cientista. Ou o país inteiro tem possibilidade de criar, ou nós não seremos um
país que passará para outra etapa do desenvolvimento”.
É uma visão de mundo que reproduz a política de inclusão social
de Lula, com acréscimo de uma perspectiva logística.
Dilma também definiu, nesse discurso, o que entende por
competitividade da economia. Disse que competitividade não se baseia em apenas
um fator, mas em um conjunto sistêmico de medidas.
Além da estratégia de logística propriamente dita, Dilma deu uns
“cacos” do que espera que venha junto com ela: a redução da carga tributária, a
redução dos juros e o avanço gradativo das taxas de câmbio.
Em 2012 o governo conseguiu definir um marco regulatório para
portos. Espera fazer o mesmo, em 2013, para os aeroportos e a aviação
comercial. O governo espera aumentar a eficiência, diminuindo a reserva de
espaço das grandes companhias. Sugere também a possibilidade de abrir linhas de
crédito para novas companhias. Além disso, assinala o marco estratégico que
será usado para promover a aviação regional: a União se incumbe da
infraestrutura se estados e/ou municípios assumirem os custos da operação.
Tornar a economia cada vez mais competitiva passa, é claro, pelo
plano de investimentos de R$ 133 bilhões em infraestrutura rodoviária
e ferroviária a serem feitos nos próximos 25 anos, tanto por meio de investimentos
diretos do poder público como por meio de concessões comuns, patrocinadas e
administrativas, as chamadas PPPs.
A maior parte desse pacote, R$ 79,5 bilhões, será realizada nos
próximos cinco anos, o que garante o dinamismo da ação do Governo e, mesmo que
a conjuntura econômica internacional seja desfavorável, um impulso vital para o
equilíbrio da economia interna.
Apesar do oportunismo golpista da grande mídia conservadora, uma
parte imensa das elites brasileiras apoiam e tendem a continuar apoiando a
presidência do PT – o modelo petista. Não por razões ideológicas, é claro, mas
simplesmente porque é beneficiária dos R$ 350 bilhões em empréstimos do BNDES,
feitos ao longo dos anos Lula.
E quanto ao oportunismo golpista de parte das elites e da mídia,
bem..., sendo isso um fato evidente, há que se considerar que, não obstante, há
no país, também, uma direita conservadora, mas também democrática, que
ambiciona o poder dentro do horizonte do jogo democrático.
As peças do xadrez político que se joga em 2013 estão dispostas
favoravelmente à Dilma, com grande potencial para que os efeitos negativos
eventuais e possíveis sejam mitigados pela gordura acumulada pelo Governo.
São tão favoráveis que o horizonte tático que se joga, na
oposição – e mesmo entre os apoiadores governistas que se preparam para uma
disputa futura de poder – é 2018.
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