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Conjunturas I


Um amigo me pergunta se acho que Lula deve ser candidato a presidente, mesmo com a prisão. Respondo que sim, porque não tem sentido ser diferente. Lula não ser candidato seria de uma deslealdade imperdoável do PT para com ele.
A pergunta, na verdade, respondo ao meu amigo, é sobre quem deve ser o vice de Lula, porque quase tão certo como Lula ser o candidato do PT, é a possibilidade de que a justiça eleitoral casse a sua candidatura, sendo lógico, nesse caso, que seu vice assuma a cabeça de chapa. E, como sabemos como o bloco golpista joga, eles provavelmente farão isso o mais tarde possível, procurando inviabilizar que o PT chegue ao segundo turno.
Nesse cenário, a tendência é que o PT venha com uma chapa “puro-sangue”. Provavelmente com Haddad para vice. Eventualmente com Jacques Wagner ou Patrus Ananias e, um pouco menos provavelmente, com Celso Amorim.
Meu amigo, que não é do PT, viu claros sinais de que Lula, naqueles momentos heróicos antes da prisão, teria ungido Guilherme Boulos e Manuela d’Ávila, sugerindo que formassem uma chapa conjunta que, eventualmente, substituísse a candidatura do PT.
Todos sabemos que, neste momento, tudo pode ser, tudo pode acontecer. Meu amigo não gosta dessa ideia. Desejava que Lula, na hipótese de não ser candidato, apoiasse Ciro Gomes.
Logo se vê que meu amigo não é do PT. Dificilmente alguém do PT gostaria que Lula apoiasse Ciro, primeiramente porque Ciro vem tendo uma atitude cada vez mais oportunista e desleal para com Lula, nos últimos meses, mas também porque, na sua história politica, Ciro Gomes tem apresentado um comportamento ciclotímico, como sucessivas mudanças de opinião.
“Mas isso tudo se houver eleição...”, diz ele, reflexivo.
Sim, evidentemente. Porque os sinais de que podemos não ter eleições são muito grandes e a única coisa capaz de garanti-las seria a mobilização popular.

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