Pular para o conteúdo principal

O sócio-metabolismo do capital

A premiação de Ostrom com o Nobel de economia traz à luz o problema da empresa cooperativista como solução para certos impasses da sociedade e nos lembra a discussão de István Mészáros, no seu livro “Para além do capital”, sobre o “sócio- metabolismo do capital". Diz Mészáros que o grande problema das experiências socialistas que aconteceram e acontecem no mudo é que nenhuma delas rompeu com o “processo sócio-metabólico do capital”.
Que vem a ser isso? A lógica de produção do capital que, segundo Mészáros não é interrompida, simplesmente, com a estatização do processo produtivo.
Na experiência soviética e chinesa houve um deslocamento dessa lógica, mas não uma inversão, de maneira que, na sua continuidade, acaba chegando um momento de paroxismo, efetivamente uma distribuição privatista do acumulado.
Agora fica a pergunta: é possível romper esse ciclo?
Sim, segundo Mészáros. Por meio de uma consciência de solidariedade na base produtiva, aliás, já em curso nos processos da economia solidária, do ecosocialismo, do cooperacionismo, etc. Aparentemente a chave para o enigma estaria na empresa cooperativista.
Porém, tudo isso demanda novas reflexões sobre o papel da democracia – a superação da democracia que alguns chama de “burguesa” (aquela que se reduz ao voto) e à construção de novas teorias sobre a empresa e  mercado solidário, temas nunca muito bem aceitos no campo teórico socialista mas que podem contem a solução para a speração do sociometabolismo do capital.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

Solicitei meu descredenciamento do Ppgcom

Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa.     Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...

Artimanhas de uma cassação política: toda solidaridade a Cláudio Puty

Pensem na seguinte situação:  1 - Alguém, no telefone, pede dinheiro em troca da liberacão de licenças ambientais. 2 - Essa pessoa cita seu nome. 3 - A conversa é interceptada pela Polícia Federal, que investigava denúncias de tráfico de influência. 4 - No relatório da Polícia Federal, você nem chega a ser denunciado; é apenas um nome, dentre dezenas de outros, inclusive de vários parlamentares. 5 - Mesmo assim resolvem denunciar você por corrupção ativa. 6 - Seu sigilo telefônico é quebrado, sua vida é revirada. Nada é encontrado. Nada liga você àquela pessoa que estava pedindo dinheiro. 7 - Mesmo assim, você é considerado culpado. 8 - Os parlamentares, igualmente apenas citados, como você, são inocentados. Mas você, só você, pelo fato de ter seu nome citado por um corrupto, você é considerado culpado. É isso que acabou de acontecer com o deputado federal pelo PT do Pará Cláudio Puty. Ele vai entrar com um recurso junto ao Tribunal Sup...