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A falta de contrapoderes no mercado de arte

Estava dando uma olhada no livro ‘A grande feira’, de Luciano Trigo, lançado no fim do ano passado. O livro é provocador, e tem motivado reações de ódio no meio artístico. Trata das relações da arte com o mercado e com as instituições, questionando o sistema contemporâneo de arte e mapeando o campo referente, ou seja, o conjunto de agentes, práticas, instituições e valores que determina que tipo de arte será ou não reconhecido e valorizado. A idéia central do livro é que a arte contemporânea está descolada de seu contexto social.
A arte perde seus referenciais porque deixaram de existir contrapoderes capazes de equilibrar o sistema. Sem eles, a arte vira um vale-tudo. Qualquer coisa se torna uma significação artística e, o que é pior, um setor do mercado acaba se especializando em fazer crítica ou divulgação dessa arte e, à força disso, acaba se criando um discurso pretensamente sofisticado que obscurece ainda mais todas essas relações.

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