Pular para o conteúdo principal

Heranças à Esquerda 24

O marxismo Ocidental 7: Antonio Gramsci I



O século XXI provavelmente será gramsciano. É o futuro. Isso significa que vários conceitos do autor, muito mais do que hoje, serão assimilados e usado és no pensamento político e no pensamento de estratégia eleitoral. Isso se dará porque Gramsci, sendo o mais aberto e amplo autor do pensamento marxista, é o autor mais propício a um século que é heterogêneo e flexível na sua essência. O pensamento de Gramsci é uma herança à esquerda de longo curso e prazo. Estratégica, porque possui um dispositivo de adaptação que abre, necessariamente, o espectro teórico e o fôlego para produzir novas interpretações da realidade.
E isso é vital. Que o digam os modelos de esquerda da Europa. Que o digam as esquerdas latino-americanas e com elas o PT. Precisamos de novas sínteses, capazes de produzir novas identidades e novas análises. Tenho impressão de que essas novas sínteses serão produzidas assim que o ecossocialismo se encontrar com a obra de Gramsci.
E por que isso? Por que o futuro está em Gramsci e não alhures? Porque o pensamento dessa autor possui os instrumentos de flexibilidade necessários para enfrentar o, digamos assim, com apoio de Edgar Morin, “pensamento complexo”. Com se sabe, como tenho observado aqui desde sempre, a lacuna a superar, em toda a visão de esquerda, é a lacuna do determinismo presente no marxismo. Sem isso não se avança. Pois bem, Gramsci é uma herança à esquerda porque foi, se não primeiro, o pensador que mais solidamente construiu mecanismos para vencer essas lacunas.
O léxico gramsciano dá uma idéia da versatilidade e extensão do seu pensamento: “revolução heterodoxa”, “revolução passiva”, “hegemonia”, “intelectual coletivo”, “intelectual organizo”, “epírito estatal”, “economicismo histórico”... Mas vamos aos poucos, que isto é um blog. Continua logo mais.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

Solicitei meu descredenciamento do Ppgcom

Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa.     Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...

Comentário sobre o Ministério das Relações Exteriores do governo Lula

Já se sabe que o retorno de Lula à chefia do Estado brasileiro constitui um evento maior do cenário global. E não apenas porque significa a implosão da política externa criminosa, perigosa e constrangedora de Bolsonaro. Também porque significa o retorno de um player maior no mundo multilateral. O papel de Lula e de sua diplomacia são reconhecidos globalmente e, como se sabe, eles projetam o Brasil como um país central na geopolítica mundial, notadamente em torno da construção de um Estado-agente de negociação, capaz de mediar conflitos potenciais e de construir cenas de pragmatismo que interrompem escaladas geopolíticas perigosas.  Esse papel é bem reconhecido internacionalmente e é por isso que foi muito significativa a presença, na posse de Lula, de um número de representantes oficiais estrangeiros quatro vezes superior àquele havido na posse de seu antecessor.  Lembremos, por exemplo, da capa e da reportagem de 14 páginas publicados pela revista britânica The Economist , em...