Discuti aqui no blog, há algumas semanas, a questão da economia do cinema, ponto nevrálgivo, pelos altos valores que envolve, das indústrias da cultura e da identidade. Gostaria de somar ao que foi dito algumas considerações:
1. A economia do cinema apresenta sempre melhores resultados quando as diferentes etapas da sua cadeia produtiva estão comercialmente integradas. Por exemplo, quando distribuidor e exibidor estão juntos num mesmo conglomerado. Ninguém quer que seja assim, mas a verdade é que isso acaba sendo benéfico. O caso da França, nesse sentido, é exemplar. Aliás há aqui um artigo meu em que analiso a economia do cinema na França, observando esses fatores.
2. Por que isso se dá? Porque A lógica econômica por detrás dessa organização remente à continuidade natural dessas atividades: (i) os retornos de uma distribuição onerosa aparecem na forma de maiores receitas para o parque exibidor, (ii) o exibidor, de outro lado, condiciona a extensão do retorno possível para as atividades acima na cadeia, ao controlar o tempo em cartaz, exibição de trailers e outras estréias.
3. O Brasil já experimentou essa lógica, através da Embrafilme. Isso aconteceu até o início da década de 1990, quando a empresa foi desmontada pelo governo Collor. Em seu tempo, a cadeia da produção teve um vínculo institucional com a cadeia da produção, e isso fez a diferença.
4. Com o desmonte, as grandes distribuidoras internacionais (chamadas majors), entraram no brasileiro. Isso iniciou um novo modelo de negócios, caracterizado pelos multiplex em shoping centers e pela quebra da distribuição da produção nacional.
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