Pular para o conteúdo principal

Heranças à Esquerda 37

Esquerdas Brasileiras 8: O PCB 8 – De 1936 a 1947.
De 1936 a 1943 o PCB viveu um momento de refluxo. Após a Intentona, comunistas e tenentistas experimentaram uma perseguição feroz. No caso do PCB, possivelmente a pior de sua história. O núcleo dirigente do partido foi perseguido e parte dele foi exterminado. Porém, mesmo na clandestinidade, o PCB organizou um movimento de solidariedade e defesa da República Espanhola, durante a Guerra Civil.
Com a reabertura democrática do país, iniciada em 43, e com o fim do Estado Novo, em 45, o PCB, de volta à legalidade, começou a desenvolver a estratégia de se tornar um partido de massas. O primeiro passo nessa direção foi, na verdade, espontâneo: ao exigir que o Brasil entrasse na guerra contra os fascistas e ao orientar seus militantes a se alistarem na Força Expedicionária Brasileira, o partido ganhou o respeito de boa parte da opinião pública. E mais ainda quando, ao fim da guerra, muitos dos comunistas que se alistaram retornaram com honrarias oficiais e aclamados como heróis.
O PCB foi reestruturado em agosto de 1943, num congresso que ganhou o apelido de Conferência da Mantiqueira. A partir desse momento, sua tática essencial foi hegemonizar o movimento sindical. O dinamismo intelectual, associado à febre democrática, também conquistou espaços na imprensa progressista e nas artes.
Em 1947 já possuía 200 mil filiados, mas novamente, nesse ano, o partido foi posto na clandestinidade. Eram dias da presidência do marechal Dutra, e o Brasil alinhava-se aos Estados Unidos da doutrina Truman e da guerra fria. Abriu-se mais um período de repressão.
A retomada se dará em 1954, com a volta da legalidade e a realização do IV Congresso do partido. Mas o IV Congresso manteve a postura sectária do partido, a mesma que condenara a obra de Octavio Brandão ao esquecimento prematuro e que negava a possibilidade de um pensamento comunista brasileiro. A mesma postura que advogava um comunismo purista e repudiava toda forma de hibridez no pensamento. A mesma que, simplesmente, ignorou o suicídio de Vargas, ocorrido dois meses antes desse congresso e todo o impacto decorrente desse fato, pois nem uma palavra de análise de conjuntura foi dita no IV Congresso.
Vendo de hoje, tem-se a impressão é que esse novo período de ostracismo impactou demasiadamente no espírito dos comunistas. E já dois anos depois, em 1956, sob o impacto do XX congresso do PCUS e da denúncia do "culto da personalidade de Stalin", o partido se abria numa crise sem precedentes. Todas as tensões e conflitos reprimidos desde o “enquadramento” de 1930, começam a eclodir livremente. E deu para sentir o quão imensa era a variedade dessas tensões.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”