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Heranças à Esquerda 44

Esquerdas brasileiras 15: O PT 5: Os leninismos do PT: O MCR e a FS
De orientação marxista-leninista, o Movimento Comunista Revolucionário (MCR) foi fundado em 1985 a partir da união de setores do Movimento pela Emancipação de Proletariado (MEP), da Ala Vermelha (AV) e da Organização Comunista Democracia Proletária (OCDP). Das três, o MEP era a organização com mais história, pois era uma remanescente ativa dos anos 70, tendo sobrevivido à ditadura.
Tanto o MEP como a Ala Vermelha se dividiam entre duas posições: aderir ao PT ou não. Viam o PT crescer e se tornar a principal força de esquerda do país, mas o percebiam como uma estrutura carente de posições socialistas claras e, sobretudo, fortemente influenciado pela social-democracia. Portanto, sem condições de se tornar num partido revolucionário. Essa era a posição clássica dos marxismos-leninismos no começo dos anos 80.
Porém, era evidente, no fim dos anos 80, a grande afinidade entre o pensamento do Movimento e a Articulação, a tendência petista. E isso ficou ainda mais claro quando o MCR passou a defender a tese petista do governo democrático popular. Houve então um debate interno sobre como seria a adesão do MCR ao PT. Duas propostas foram construídas. A primeira considerava o PT como um partido tático e a segunda como um partido estratégico. A primeira proposta propunha dissolver o MCR e ingressar na Articulação, procurando dominá-la e utilizá-la como um instrumento (tático, portanto) das lutas históricas do MCR. A segunda proposta propunha a adesão ao PT sob a forma de uma tendência interna do partido, vendo-o não simplesmente como um partido tático, mas sim, dessa forma, como um partido capaz de liderar a mudança social e política pretendida, um partido estratégico, portanto.
Bom, as duas coisas aconteceram. Todo mundo brigou e o MCR se dissolveu em dois grupos: um primeiro, formado principalmente, por militantes de São Paulo, aderiu à Articulação e um segundo entrou no PT formando uma nova tendência, a Força Socialista. Esses dois movimentos aconteceram em 1989, durante o 6º Encontro Nacional do PT.
Porém, a FS, digamos assim, achava o PT muito estranho. Na perspectiva do marxismo-leninismo um partido de esquerda seria um partido do proletariado. Era uma idéia clássica. Porém, o PT não se formou dessa maneira, mas sim como um bloco popular, aberto, democrático e policlassista. Diante desse quadro, a FS adotou para si a missão política de contribuir para que o PT desenvolvesse seu potencial revolucionário. Apoio a tese de um partido “democrático e popular”? Sim, mas entendeu-a como uma proposta de governo de transição. Considerou que o Brasil precisa fazer um longo percurso ainda, e que para chegar a um governo realmente de esquerda seria necessário ter, antes, um governo de transição, que agisse com um compromisso de ruptura em relação ao caráter monopolista, imperialista e latifundiarisma da sociedade brasileira.
Já vimos isso antes: é a tese do etapismo, agora reposicionada.
As principais lideranças Força Socialista foram Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém; Ivan Valente, deputado federal por São Paulo e Nelson Pellegrino, líder da Bancada do PT na Câmara Federal.
Mais tarde, a Força Socialista se transformou na Ação Popular Socialista (APS). Porém, logo em seguida, a APS retirou-se do PT e passou a integrar o Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL).

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