Situação-problema: Chega o sujeito dizendo que o PT e o governo Lula "aparelharam o Estado", ou seja, usaram os cargos comissionados para empregar amigos e militantes.
Seu objetivo: Desfazer essa idéia com transparência, ética e usando dados reais. Sim, e dessa maneira convencer o sujeito a votar na Dilma.
O que você tem que fazer, passo a passo:
1. Pergunte, com toda a paciência, se o sujeito sabe quantos são os cargos comissionados do governo federal. Ele não deve saber. Deverá chutar. Vai dizer uns 20 mil, por baixo, ou uns 100 mil, por alto.
2. Você informa o número preciso: 21.600. Você deu uma informação precisa e pode citar a fonte: a página 107 do “Boletim Estatístico de Pessoal”, do Ministério do Planejamento, na sua edição mais recente, de julho deste ano.
3. Agora você diz ao sujeito quantos são os servidores concursados da União: 570 mil. E informa a fonte: página 33 do mesmo documento.
4. Ele vai ficar espantado. Já testei. Vai dar uma pensadinha e então vai fazer um ar de superioridade. Chegou a hora dele dizer mais ou menos o seguinte: “O que você disse prova que eu tenho razão: Se o presidente pode nomear 21.600 pessoas para cargos de DAS isso prova ele aparelhou, sim, o PT!”.
5. É a deixa que você estava esperando, mas procure não demonstrar euforia, você só quer que o cara vote na Dilma (bom sempre tem a possibilidade de você usar esse assunto para passar uma cantada, mas também nesse caso não deixe de pedir o voto na Dilma, ok?). Você vai dar a ele a seguinte informação: De todos os 21,6 mil DASs do governo federal, os de recrutamento amplo, ou seja, aqueles que foram nomeados sem concurso, sem vínculo prévio com a administração, são menos de 6 mil.
6. Você completa a informação com a precisão que deve caracterizar os homens de bem: Esse dado está na página 109 do documento citado antes.
7. Você dá uma paradinha e faz a seguinte observação: Isso representa só um pouco mais que 1% do total de servidores civis do país.
8. Aí você vai mais longe. Você observa que os cargos que, realmente, são de chefia, os DASs 4, 5 e 6 não chegam a 1.500.
9. Você repete esse número: 1.500! E dá uma balançadinha positiva com a cabeça.
10. E constata: parece bem menos do que dizem por aí, não é?
Bom, chegamos ao fim da etapa 1. Pode ser que ela seja suficiente para convencer o sujeito. Mas pode ser que não. Nesse caso, há duas grandes variáveis que podem ser abertas. A variável A é o cara entrar numa de discutir inchaço da máquina pública, meritocracia, etc. A variável B é ele dizer que no governo tucano era melhor. Vamos lá, por partes:
Variável A
1. Responda que a OCDE produziu um estudo comparando as estruturas administrativas de vários países e que esse estudo mostra que o Brasil não tem servidores públicos em excesso. Esse estudo também pode ser encontrado na internet.
2. Em relação ao tema da meritocracia, seja sucinto: o governo Lula desenvolveu uma política de realização de concursos e de valorização do servidor concursado.
3. Se necessário, seja preciso: mencione que a maior parte dos cargos criados pelo PT, foi nas universidades e nos institutos técnicos federais. Destaque que isso demonstra o compromisso do governo com a educação.
Variável B
1. Comece, logo de cara, dizendo que a fama de bons gestores públicos dos tucanos é falsa.
2. Diga que FHC não realizou concursos. Diga que ele encheu a Esplanada dos Ministérios de terceirizados e temporários. Diga que fazer isso é irregular e ilegal. Que ele sabia e que optou por fazer assim.
3. Diga o número de contratados por FHC e Serra de forma irregular: cerca de 30 mil pessoas.
4. Constate que 30 mil é um número bem maior que 1.600.
5. Observe, para terminar, que, no governo Serra há, proporcionalmente, mais pessoas ocupando de cargos comissionados por habitante do que o governo federal inteiro.
Comentários
haverá postagem parecida ao âmbito estadual, ou seja, nossa tática contra os tucanos daqui?!
abs
Ricardo Melo
Estranho esses numeros oficiais.
E o senhor tem po ai a fonte dos 30000 cargos comissionados criados pelo FHC?
e que "governo serra" é esse?
retórica sutil né mestre...