A percepção da crise política que envolve o mundo árabe se concentra, neste momento, sobre o Egito. Porém, a “revolução” está em curso, também, em outros países – e, o que é significativo, est’;a sendo convocada, aos milhares, em meio digital. O instrumento mais revolucionário, neste momento, na Síria, é o Facebook. Uma convocação foi disparada, ao longo da semana, convocando para uma manifestação pacífica no sábado, em frente ao parlamento, em Damasco. O mote da convocação era “protestar para acabar com o estado de urgencia do país e com a corrupção”.
O eufemismo “estado de urgência” significa, precisamente, diminuir a miséria. A pobreza extrema engloba 14 % dos 22 milhões de habitantes do país e 20 % da população ativa está desempregada.
Para diminuir o impulso contestatório o governo sírio anunciou, na sexta-feira, a criação de um “Fundo Nacional para a ajuda social”, no valor de US$ 250 milhões e, também, um aumento de 72 % no valor da ajuda social para o aquecimento a gás das famílias de funcionários públicos e de aposentado. Os aponsentados somam 2 milhões de pessoas na Síria.
Na quinta-feira passada, o Iêmen também viu uma grande mobilização popular contra o regime de Ali Abdallah Saleh, um aliado chave de Washington, no poder há 32 anos.
Na Jordânia a situação não é diferente. A principal organização de oposição, a Frente de Ação Islâmica anunciou que não pretende derrubar o regime, mas sim reformas políticas urgentes e amplas. Na prática, isso parece equivaler a derrubar o regime, mas de uma forma, digamos, polida. Lá, houve uma gra de manifestação na sexta-feira.
Na Argélia, o ditador de plantão, Bouteflika, precavido, vai multiplicando as promessas: combate à corrupção, construção de casas populares e controle da inflação são as principais. Porém, ainda assim, o dia 12 de fevereiro foi escolhido para uma gigantesca marcha de protesto ao governo e ao regime.
Na Mauritânia, igualmente, o governo tomou medidas preventivas: acabou de anunciar uma redução de 30% no preço dos produtos de primeira necessidade. Ainda assim, milhares de pessoas estão indo às ruas de Nouakchott, a capital do país, para exigir mais direitos civis.
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