Maria da Conceição Tavares é que disse certo: a crise de 2008 é “espasmódica”. O que estamos vendo agora é outro espasmo dessa mesma crise. Apesar de os motivos serem outros e as conseqüências diferentes, as causas primárias decorrem, ao que parece, dos acertos (ou melhor, não: das ações) administradas pelos governos para sair do primeiro espasmo da crise.
É uma crise com rabos. Numa economia globalizada, todo mundo está sendo levado junto. O The Independent revelou que a Grã-Bretanha possui cerca de R$ 520 bilhões em dívidas de países da União Europeia. Um país puxa o outro. Grécia, Portugal e Espanha ameaçam puxar a Itália e a França, que pode puxar a Inglaterra, que puxa os EUA – para mais fundo.
A decadência norte-americana, em seu plano econômico, é da seguinte natureza: a base industrial do país está sendo desmontada dia-a-dia e o que move a economia é, exclusivamente, o consumo. O consumo se tornou responsável por 2/3 da economia. E não qualquer consumo: um consumo baseado no crédito, na dívida, na rolagem dos juros.
A classe média, base da economia americana, está cada vez mais pobre. E os mais pobres estão ficando mais pobres ainda. Segundo Heloisa Villela, de Washington, para o blog Vi o Mundo, de acordo com o Pew Reseach Center, a distância entre as minorias e os brancos norte-americanos bateu recorde histórico. Entre 2005 e 2009, a renda média das famílias hispânicas, nos Estados Unidos, caiu 66%. A renda das famílias afro-americanas sofreu uma queda de 53% enquanto a renda média das famílias brancas caiu 16%.
A Secretaria do Trabalho do país, ainda segundo Villela, informa que apenas 58,1% da mão de obra empregável do país está na ativa.
A Secretaria do Trabalho do país, ainda segundo Villela, informa que apenas 58,1% da mão de obra empregável do país está na ativa.
É possível prever uma explosão social nos EUA. A sociedade civil está desorganizada, mas os focos de tensão estão se multiplicando. Uma explosão, no modelo das que estão acontecendo em Londres e das que vêm acontecendo, sistematicamente, há uns seis meses na Espanha, é presumível.
A posição da China, por sua vez, parece confortável, mas até quando? Aliás, que coisa, não? Ver a China dizer que espera que os Estados Unidos se livrem do “vício” da dívida é forte! Há 10 anos ninguém imaginaria a China com moral para dizer isso.
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