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Governo Federal retarda, Vale desiste, Governo do Pará não insiste

O Governo Federal está atrasado no projeto de derrocamento de um trecho de 43 km no rio Tocantins, entre Marabá e Tucuruí, uma obra que ainda inclui serviços de drenagem em diversos pontos do rio, para remoção de bancos de areia. Esse atraso, imposto pelo corte de R$ 50 bilhões no orçamento de 2011, realizado no primeiro semestre, inviabiliza o transporte, pelo Tocantins, dos insumos necessários para a construção da Alpa (Aços Laminados do Pará), a usina que a Vale começou a construir em Marabá. 

Esse atraso – para não dizer cancelamento, já que o Dinit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), órgão do Ministério dos Transportes, elaborou um projeto alternativo, ainda que capenga, para solucionar o impasse – gera um problema da maior gravidade para o projeto de desenvolvimento do Pará: atrasa as obras da Alpa em dois anos, no mínimo. 

E, não sendo isso já bastante problemático, a solução que empresa está em vias de tomar, para não atrasar ainda mais seu cronograma de construção da Alpa também não é a ideal, do ponto de vista da geração de emprego e renda para o Pará: fazer com que os insumos cheguem através do porto de Ponta da Madeira, no Maranhão, sendo escoados pela a Estrada de Ferro de Carajás, ou, alternativamente, pelo terminal portuário de Mearim, em Bacabeira, também no Maranhão. Os insumos, basicamente carvão e calcário, chegariam, no projeto original, pela hidrovia, sendo transportados diretamente para o porto de Marabá, recolhendo impostos no Pará. 

A obra na hidrovia do Tocantins não tem, relativamente, um custo elevado. São R$ 520 milhões. 

Um dos problemas é que o Governo Jatene não está fazendo nenhum esforço para defender os interesses do Pará. Talvez porque considere que a Alpa e a hidrovia do Tocantins são projetos com imagem excessivamente associada ao PT. Talvez, por outro lado, por incompetência política. 

Sim, porque cabe ao Governo do Estado defender os interesses geopolíticos do Pará. Ao que parece, a velha forma de fazer política continua determinando a desgraça do Pará.

É um assunto que não pode ser deixado à cargo da Vale, porque a Vale não tem nenhum interesse em construir a Alpa. Ela só o faz pressionada pelo Governo Federal e este exerce sua pressão a partir da reivindicação do estado do Pará. Se o Governo paraense não fizer a sua parte, politizando a questão, a Vale, a qualquer hora, pode interromper as obras da usina.

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