Pular para o conteúdo principal

Golpismo, farsa e canalhice

Lamento profundamente a decisão do Senado em consumar o golpe de Estado que afasta Dilma Rousseff da presidência da República. Mais do que um golpe em Dilma, trata-se de um golpe na democracia e no regime - na Constituição, portanto. Todos sabem que o pretexto para o golpe é irrisório. Todos sabem que, por trás do pretexto há desejos inconfessáveis de interromper a Lava Jato e retomar a festa da corrupção; interromper o processo de construção de uma nação soberana e vender o patrimônio público como se fosse um patrimônio privado; interromper as políticas sociais que, pela primeira vez na história, fizeram, realmente, inclusão social no Brasil e interromper, em fim, a democracia.
Lamento, igualmente, que essa farsa tenha recebido apoio de brasileiros que, simplesmente, não conseguiram distinguir entre o interesse dessa corja de políticos e empresários  e seus próprios interesses. De brasileiros que não perceberam que foram, simplesmente, a massa de manobra necessária para a condução do golpe e que, agora, irão sofrer as conseqüências mais nefastas dessa farsa.
Todos sabem que o que move muitos a apoiarem o golpe é o seu ódio ao PT. Um ódio de classe, para alguns, ou um ódio movido pelo preconceito, simplesmente, para outros. Esses, se recusam a ver que os governos do PT fizeram mais pelo Brasil do que todos os governos anteriores. Se recusam a perceber que o que os move é um sentimento mesquinho, egoísta e covarde: um sentimento movido por idéias pré-concebidas e que justifica, a seu ver,
Vocês são os canalhas da história e a história repetirá que foram e que sempre serão canalhas. Canalhas porque são pequenos, ignorantes e egoístas. Porque são movidos pelo preconceito e porque não respeito a democracia. Porque não percebem que são, simplesmente, força manipulada de interesses que não apenas não são seus como também constituem interesses contrários aos seus.
Dilma, por sua vez, é uma mulher honrada, honesta e corajosa, cassada por uma multidão de corruptos e por uma conspiração movida por demagogos. Foi vítima de uma farsa e foi condenada por um processo de exceção.
Mas a história não acaba aqui. Quando o povo descobrir por que razão caçaram realmente Dilma virá a resposta. E já aqui começam as novas batalhas. O governo golpista não pode ter paz. Cabe a nós descrever o que ele é de fato: dizer o golpe, dizer que foi golpe, é externalizar e denunciar é a essência do Brasil arcaico, fascista e autoritário.
Lamento a decisão do Senado, lamento a mediocridade e a pequenez dos brasileiros que apóiam essa farsa mas, sobretudo, estou indignado. E vamos à luta.

#ForaTemer!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

Solicitei meu descredenciamento do Ppgcom

Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa.     Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...

Comentário sobre o Ministério das Relações Exteriores do governo Lula

Já se sabe que o retorno de Lula à chefia do Estado brasileiro constitui um evento maior do cenário global. E não apenas porque significa a implosão da política externa criminosa, perigosa e constrangedora de Bolsonaro. Também porque significa o retorno de um player maior no mundo multilateral. O papel de Lula e de sua diplomacia são reconhecidos globalmente e, como se sabe, eles projetam o Brasil como um país central na geopolítica mundial, notadamente em torno da construção de um Estado-agente de negociação, capaz de mediar conflitos potenciais e de construir cenas de pragmatismo que interrompem escaladas geopolíticas perigosas.  Esse papel é bem reconhecido internacionalmente e é por isso que foi muito significativa a presença, na posse de Lula, de um número de representantes oficiais estrangeiros quatro vezes superior àquele havido na posse de seu antecessor.  Lembremos, por exemplo, da capa e da reportagem de 14 páginas publicados pela revista britânica The Economist , em...