Conclusões sobre o desabafo de ontem. O que me motivou a
escrever o post de ontem, a respeito da eventualidade de novas aproximações entre PT
e PMDB, foi a percepção de que o momento político exige que o PT produza
mensagens claras de defesa das conquistas sociais dos seus governos e de
desaprovação aos atos do governo Temer. Trata-se de uma batalha simbólica
fundamental que, inclusive, dá o tom político para a militância e para os
setores progressistas da sociedade que, mesmo sem pertencerem ao PT, lutam
contra o governo usurpador de Temer.
Assim, penso que os diretórios do partido – bem como todos
os sujeitos sociais que, de algum modo, enunciam ou representam o partido –
deveriam produzir mensagens extremamente claras e que não ofereçam dúvidas a
respeito desses compromissos.
Num momento como este é preciso, além de ter cuidado com
dubiedades de sentido, enunciar as posições políticas de maneira clara e
contínua. Em outros termos: do ponto de vista da batalha de sentidos em curso
(e vivemos, essencialmente, um momento de batalha de sentidos) é preciso
enunciar a defesa da herança e dos compromissos (ou seja, da identidade
política) e a posição crítica ao partido que está liderando o golpe e dizimando
com conquistas sociais fundamentais.
É preciso, portanto, não construir dependências, vinculações
e analogias com os agentes políticos responsáveis pelo golpe. Trata-se de uma
questão de comunicação política.
E, para além disso, é preciso que, a partir das
possibilidades abertas (ainda que tragicamente) pela conjuntura política, o PT
faça um movimento de “retorno” à esquerda.
Tudo isso passa por enunciações, por mensagens, por sinais.
Os diretórios do partido precisam compreender os sinais que vêm da sua
militância e, também, das ruas. E, por sua vez, precisam passar sinais de
coerência.
Quanto ao PMDB, quero dizer que tenho perfeita compreensão
dos mecanismos do presidencialismo de coalisão que se constitui como sistema
político do país e percebo, embora com algumas ressalvas críticas, a justificativa
da presença do partido na sustentação dos governos petistas. Além disso, é evidente que como há diferentes
PTs, há também diferentes PMDBs e que condeno, fundamentalmente, a parte do
PMDB que se associa ao PSDB no aparelhamento do sistema judiciário e da Polícia
Federal provocando o colapso que observamos hoje dessas instituições.
O problema, portanto, não é “metafisicamente” o PMDB. A
questão é pragmática: o fato de que o PMDB, em sua maioria partidária,
constitui não apenas a instituição política que desfere um golpe de Estado mas,
também, o poder político que está ferindo o estado de direito e revertendo as
conquistas sociais realizadas.
Por fim, cabe falar a respeito da necessidade de defender,
com clareza, a candidatura de Regina Barata à prefeitura de Belém. É preciso
passar sinais claros que ajudem a consolidar a sua candidatura. Em eleições
anteriores esses sinais talvez não tenham sido suficientemente claros e
decididos. Mas o contexto agora demanda, sobretudo, esse cuidado. Nas batalhas de sentidos a vir é preciso
produzir distanciamentos e aproximações. Distanciamentos em relação ao PMDB e
aos demais agentes que o acompanham na aventura em que se lançaram e
aproximações em relação às heranças, aos compromissos sociais históricos e,
enfim, à identidade.
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