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Mostrando postagens de janeiro, 2007

Michel MAFFESOLI

Algumas notas bio-bibliográficas sobre Maffesoli, tema da terceira unidade do curso "Sociologia da Cultura e da Comunicação": Nascido em 1944 na Alsace, região da França fronteiriça com a Alemanha e rica em recursos minerais, Michel Maffesoli é descendente da imigração italiana vinda para a França no entre-guerras, havendo crescido num meio operário relacionado à extração de carvão. Sua tese de doutorado, apresentada à Universidade de Grenoble, converteu-se no livro “La Connaissance ordinaire” (O Conhecimento ordinário) e constitui um marco para a sociologia do quotidiano. A “vida quotidiana” é um tema de reflexão tradicional para os sociológos, mas o trabalho de Maffesoli lhe confere originalidade, por ser elaborado sob a perspectiva de uma « sociologia compreensiva », herdada da tradição alemã instituida por Georg Simmel e por Max Weber. Sua obra é um discurso resoluto contra a sociologia acadêmica, qualificada por ele de positivista e por ele acusada de ainda se deixar dom
Os posts anteriores são trechos do meu trabalho de doutorado e estão presentes, ainda que indiretamente, no paper 13 do Laboratório de Sociomorfologia, que referi alguns posts atrás. Eles são referenciais para os alunos de minhas duas turmas atuais: para os do curso Estudo de Temas Amazônicos II (Dinâmicas culturais amazônicas) e para os do curso Sociologia da Cultura e da Comunicação. Para os primeiros, pelo fato imediato de que vão ao cerne do nosso problema quanto às dinâmicas intersubjetivas da produção cultural contemporânea de Belém, tema que estamos debatendo em aula. Para os segundos, porque tematizam, metodologicamente, a abordagem maffesoliana, debate atual do nosso curso.

Vitalismo e razão interna

Esse vitalismo, essa razão interna, teria, a nosso ver, um equivalente na noção benjaminiana de agoridade, a qual se refere à fulguração de um futuro nos atos do presente, ou melhor, no sonho em relação ao futuro, a uma situação de futuro, como força capaz de concentrar as energias do presente. A agoridade seria uma suspenção expontânea do real com o fim de alcançar o verdadeiro. Essa suspensão momentânea do real – ou dialética figurativa estaria presente em diversas atividades aparentemente banais da vida quotidiana, tais como o jogo, a brincadeira infantil, o ato sexual e também o ato de contar histórias. A agoridade corresponderia a um ímpeto presente em todo movimento quotidiano que se impõe como histórico (na história pessoal do Sujeito), ou seja, como um ímpeto voltado para o passado ou para o futuro, mas concentrado no presente, no diário, no corriqueiro, no quotidiano, numa percepção repleta de tensão na qual passado e futuro se encontram com o agora, como num relâmpago. É o qu

Dinâmicas da cena cultural belemense

Essa idéia, essa proposição de compreender o que se passa na produção artística de Belém, evoca ainda duas noções : a de razão interna, elaborada por Michel Maffesoli e aquela estranha forma de temporalidade que Walter Benjamin denomina Jetztzeit, ou Tempo-Já, ou agoridade. A razão interna, em Maffesoli, corresponde aos parâmetros do imaginário, do onírico e do lúdico, ou seja, de tudo aquilo que, recusando uma visão étriquée da razão, pode recuperar a razão interna das coisas, mesmo que estas se apresentem sob um aspecto não-racional ou irracional . A razão interna se caracterizaria por um vitalismo próprio, oposto daquele presente na razão separada, tão cara à modernidade e marcada, esta, por um intelectualismo desincarnado e por um desejo de autonomia. Ela equivaleria à noção medieval de logos spermaticos, ou razão seminal, segundo a qual cada indivíduo de um grupo possuiria um germem , uma parcela de um todo social obscuro que, em última instância, seria a própria razão de ser do

Cena cultural como manifestação intersubjetiva

A situação que descrevemos no post anterior - e que se refere, com efeito, à cena cultural belemense - poderia, na verdade, ser descrita como uma situação em curso, como um momento, como um estado provisório do ser. Não sem contradições, essa situação tem a forma de uma fulguração, de um momento a vir, não obedecendo a um cânone conformado e não possuindo forças analíticas determinantes capazes de institucionalizar, as diversas produções artísticas mencionadas, a um padrão de regularidade convencionado. Fulgurações de um desejo de ser… assim se manifestariam certos projetos sociais : pela via de uma intersubjetividade, na dimensão da intuição, no limbo social que é a criação artística. É certo que virá o tempo da convencionalização, primeira etapa do início do fim de todos os projetos sociais expontâneos, mas no momento é possível ainda observar esse influxo social – que não é, portanto, um projeto social – em sua elaboração expontânea.

A moderna tradição amazônica

Percorrendo livros, discos, museus e jornais produzidos e consumidos na cidade de Belém, ao longo das últimas décadas, percebe-se uma similitude em suas temáticas e nas suas formas de composição. Objetos e conceitos migram, misteriosamente, de um autor a outro e surgem, de maneira imprevisível, em obras diferenciadas tecnicamente, umas das outras, às vezes resurgindo em autores que não necessariamente se reconhecem por meio de suas obras. Pode-se constituir uma espécie de protocolo desses enunciados – ou melhor, desses influxos discursivos que ecoam, aparentemente, de uma subjetividade comum. Eles visam a constituir um texto social amazônico e, dessa maneira, advogam uma identidade. No entanto, sua estratégia é desordenada, e essa identidade advogada não ressoa, ao menos até este momento, senão repticiamente, desprovida de vetores discursivos capazes de conformar noções de grupo, de escola ou de geração. Talvez porque esses conceitos pertençam a estratégias classificatórias que não têm

13º paper do Laboratório de Sociomorfologia

Informo o lançamento do 13º paper de pesquisa do Laboratório de Sociomorfologia, que, integrando a Série Identificações Amazônicas, tem o título de "A moderna tradição amazônica". O paper coincide com o incicio da minha colaboração na disciplina "Estudo de Temas Amazônicos II", que divido com o professor João de Jesus Paes Loureiro e que porta sobre o estudo das dinâmicas culturais da Amazônia. A disciplina estará sendo ministrada às segunda-feiras, de 10 às 12, no pavilhão FB da UFPA, com algumas aulas de reposição a serem cominadas (a primeira delas, como referi, nesta sexta, de 11 às 14, na sala 1 do laboratório de Comunicação, prédio do CLA).

Encaminhamentos

Ola a todos, Retorno ao posto. Como talvez saibam estou ajudando na Secretaria de Governo, razão pela qual o blog tem andado abandonado. Não obstante está acertado que, independentemente de minha colaboração no governo pretendo continuar com minhas atividades de pesquisa e de orientação na UFPA e ministrando ao menos uma disciplina. Isto dito, informo que as aulas das segundas-feiras, em meus dois cursos, estão confirmadas. Quanto às aulas das quartas-feiras, precisaremos ordenadar horarios e atividades de reposição. O curso de Estudo de Temas Amazônicos II tem aula confirmada para esta sexta, de 11 às 14. Em relação às atividades do laboratorio de Sociomorfologia, elas terão novo calendário, anunciado mais à frente.
Preciso estar fora de área por uns dias. Retorno breve. Ah, as mensagens anteriores, em seu conjunto, percebi, acabam sendo uma mensagem de ano novo. Sem mais delongas, é isso que vale.