A semana que se abre com o incêndio do Museu Nacional – e, empiricamente, da destruição de todo esforço para construir uma identidade nacional brasileira –, se encerra, às véspera do Dia da Independência, com o candidato fascista, vestindo uma camisa verde-amarela e com os dizeres “Meu partido é o Brasil” sendo alvejado com uma faca. São fatos independentes, aleatórios entre si, mas as narrativas que os envolvem sugerem alguma sincronia entre eles. A narrativa produzida pela mídia, em nossa época, bem como a narrativa mais usual da descrição do quotidiano, na sociedade midiatizada, está baseada na exploração conjuntiva da aleatoriedade dos fatos. Ou seja: tanto a mídia como a sociedade midiatizada tornam sincrônicos eventos distintos entre si. A narrativa da mídia se tornou hiper-realista e, por essa via, tudo parece dizer mais do que aparenta ser. Evidentemente porque há proveito a tirar da presunção de sincronicidade, da substituição do fato pelo vaticínio,
Fábio Fonseca de Castro - Fábio Horácio-Castro - fabiofonsecadecastro.org fabiohoraciocastro.com