Uma vez, num debate que acontecia na universidade, me pediram para definir o “caráter” e a “índole” dos brasileiros, ou da “cultura” brasileira. Mesmo sabendo que essas palavras são perigosas e já contêm, na sua simples enunciação, todo um sentido, carregado de significações pactuadas, positivadas e cristalizadas no senso comum, arrisquei-me a dizer o que realmente pensava: que brasileiros, se tal povo há, é, em sua essência, violento, mesquinho, autoritário e conservador. E também disse que não podia ser diferente, porque não é possível, culturalmente falando, que uma sociedade que experimentou a escravidão, de maneira formal até há tão pouco tempo atrás, e que, até hoje em dia, experimenta dissimulações da escravidão, seja outra coisa senão violento, mesquinho, autoritário e conservador. A platéia não gostou, porque o debate era sobre “cultura brasileira”. Esperavam ouvir coisas que renovassem as ideias, pactuadas, positivadas e cristalizadas, de que o brasileiro é um “povo” cordi
Fábio Fonseca de Castro - Fábio Horácio-Castro - fabiofonsecadecastro.org fabiohoraciocastro.com