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Mostrando postagens de julho, 2015

Sobre a necessidade de desconstruir o senso comum de “Brasil”

Uma vez, num debate que acontecia na universidade, me pediram para definir o “caráter” e a “índole” dos brasileiros, ou da “cultura” brasileira. Mesmo sabendo que essas palavras são perigosas e já contêm, na sua simples enunciação, todo um sentido, carregado de significações pactuadas, positivadas e cristalizadas no senso comum, arrisquei-me a dizer o que realmente pensava: que brasileiros, se tal povo há, é, em sua essência, violento, mesquinho, autoritário e conservador. E também disse que não podia ser diferente, porque não é possível, culturalmente falando, que uma sociedade que experimentou a escravidão, de maneira formal até há tão pouco tempo atrás, e que, até hoje em dia, experimenta dissimulações da escravidão, seja outra coisa senão violento, mesquinho, autoritário e conservador. A platéia não gostou, porque o debate era sobre “cultura brasileira”. Esperavam ouvir coisas que renovassem as ideias, pactuadas, positivadas e cristalizadas, de que o brasileiro é um “povo” cordi

E quando é a “justiça” que ameaça a democracia?

Pode-se dizer que isso é muito comum em sociedades totalitárias e mesmo em sociedades regidas por elites conservadoras. Pode-se perceber, efetivamente, que, ao longo da história brasileira, os mecanismos da “justiça” não se portaram, estruturalmente, como se empenhados na construção da democracia. Porém, cada época conta os seus tostões… E não tenho como não ficar estarrecido vendo a maneira como a “justiça” brasileira, do STF ao juízes investigadores do MP, vai se comportando da maneira descaradamente golpista e abertamente anti-democrática. Ora senão se veja: os sintomas desse processo abundam. A positivacão do senso comum Em primeiro lugar, por meio da positivação do senso comum: positivo não no sentido de bom, ou correto, mas no sentido de objetivo – produção de uma unanimidade por exclusão: quem não está de acordo é punido. Com isso, acaba ocorrendo uma inversão na ordem que antes regia o papel da justiça: ela deixa de defender a sociedade para passar a defender interesse

Crônicas da ascenção do fascismo no Brasil

O mundo vai desabando, a ignorância vai dominando e o fascismo vai grassando no país. Tinha vontade de estar falando, escrevendo, de/sobre tudo isso que está acontecendo, mas falta tempo. Mal tenho tempo para avançar na minha pesquisa – e no que, em segredo, escrevo, reescrevo, transcrevo, contrescrevo – e são tantas as formalidades, as burocracias e as admoestações de tanta gente escrota que fica atrapalhando, em vez de construir em conjunto que o último tempo que sobra, e quando sobra, é que é o tempo de falar, dizer, escrever o que penso sobre o que se passa, sobre essa política caótica, essas vozes conservadoras que vão aparecendo e falando e construindo esse lugar comum que converge para ser o fim, o fim da democracia, o golpe, o vazio e o silêncio. Quase não dá tempo de chegar lá, de dizer alguma coisa, refalar, redizer o que penso…Tudo segue muito rápido. A ignorância tem suas urgências. Mas uns dias de folga, que julho permite, ajudam a retomar o fôlego. Não para descançar – q

A difícil relação com os orientandos...