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Mostrando postagens de maio, 2018

O desmonte do ensino superior por Temer: números e consequências

Um sintoma do golpe que está passando desapercebido é a imensa evasão no ensino superior do país. Em 2017, mais de 200 mil estudantes de 19 a 25 anos tiveram de abandonar o ensino universitário antes da conclusão. Em dados brutos, o número de estudantes nas universidades e faculdades brasileiras reduziu, de 7,7 milhões de estudantes em 2016 para 7,65 milhões em 2017, cerca de 50 mil a menos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Nacional de geografia e Estatística (IBGE), para os anos de 2016 e 2017. As causas imediatas disso são a redução, pelo Governo Federal, de créditos para estudantes, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e de bolsas de estudo, como o ProUni. As causas amplas estão no cenário de aumento do desemprego e da informalidade, bem como no corte de 30% dos recursos de custeio das universidades públicas, o que impacta sobre o apoio ao estudante carente, mantido por essas universidades. Poucos falaram d

Youthquake: a palavra do ano para o dicionário Oxford

Depois que fake news foi escolhida a "pakavra do ano" pelo dicionário Oxford, em 2017, virando um debate mundial, tanto na vida quotidiana como na academia, todos estavam aguardando para ver qual seria a palavra escolhida em 2018. Na Inglaterra havia até bolsa de apostas. Pois bem, o resultado saiu: Youthquake. Que significa protagonismo da juventude.  Ou, mais especificamente, como colocado no dicionário Oxford, « a significant cultural, political, or social change arising from the actions or influence of young people ». Na verdade, a origem do termo aponta para um movimento cultural londrino, relacionado à moda, dos anos 1960. Na Wikepedia encontrei mais sobre a palavra . Ah, para constar: nos Estados Unidos os dicionários Webster, também começaram a indicar a sua "word of the year", e lá a indicada foi « feminism ». Ao que parece, uma tendência em referir protagonismos.

Temer acaba com o fundo nacional soberano. Por quê e para quem?

Assim são as coisas em tempos de governo ilegítimo: repentinamente, por medida provisória, se extingue o Fundo Soberano do Brasil (FSB). A Medida Provisória (MP) 830/2018 o faz, transferindo os recursos do Fundo (R$ 26,5 bilhões) para o Tesouro Nacional, de onde serão usados para o pagamento da dívida pública federal. Esse dinheiro deveria servir ao desenvolvimento e ao lastro financeiro do país perante a comunidade internacional. É nessa função que tem um papel decisivo. Usa-lo para pagar a dívida pública é uma medida insignificante, que só privilegia os especuladores. Mesmo porque o FSB não chega sequer a pagar 7% dessa dívida, atualmente calculada em R$ 3,6 trilhões. O FSB foi criado em dezembro de 2008, depois da quebra do banco norte-americano Lehman Bothers e no contexto da crise financeira internacional. Foi criado receber os recursos oriundos da exploração do pré-sal. Trata-se de uma estratégia de defesa da soberania nacional, adotada, nesse momento, por

Para entender o que está em jogo: Por que a gasolina é tão cara no Brasil

  O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, impôs uma nova política de preços, que permite o aumento diário da gasolina e do diesel, e reduziu drasticamente a carga do refino no país. Com isso, passamos a importar grande volume de combustível refinado. A estratégia de Parente aumentou o preço da gasolina para o consumidor, além de prejudicar a balança comercial e reduzir a operação nas refinarias, colocando em risco milhares de empregos no país.

Sobre Antônio Cândido

No dia 16 de maio último o país perdeu um de seus maiores intelectuais, Antônio Cândido, crítico literário e um dos grandes "intérpretes do Brasil". Reproduzo abaixo um texto, sobre ele, escrito por Roberto Schwartz, um de seus principais herdeiros intelectuais e publicado na Revista da USP em 1993. O texto perfaz um panorama sucinto e preciso da trajetória de Antônio Cândido. Antonio Candido  (de Mello e Souza) (n.1918). Figura central da crítica brasileira a partir dos anos 40. Iniciou a carreira como responsável pela seção de livros da revista  Clima,  a qual fundou com um grupo de amigos em 1941. O periódico refletia o novo espírito universitário crítico, instalado em São Paulo por influência da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, recém-criada em 1934. Nesta, uma equipe notável de professores trazidos da Europa assegurava à nova geração o contato com o padrão de pesquisa contemporânea: o autoditatismo começava a ser substituído pela formação sistemátic

A falta que essa cachorra me faz…

Ontem perdi uma amiga, a Juju. Todos sabem que cachorros podem ser amigos e que cachorras podem ser amigas. Todos sabem das coisas dos sentimentos, dos afetos e das perdas. Os códigos culturais de nossos tempo permitem que a experiência do luto seja extensiva aos bichos que nos amam. E, assim, faço uso deles. Desses códigos de luto. Como sabem, sou um indivíduo mais-ou-menos sensível. A morte, ainda me afeta. Não sou um ser superior e nem acredito em anátemas e promessas, mas se tem uma coisa em que acredito é na sensibilidade produzida pelos afetos. Inclusive pelos afetos dos animais para conosco, humanos, sempre vis e imperfeitos.   O caso foi repentino e fulminante. Por alguma razão, seu corpo foi invadido por uma infecão, que se generalizou. Estou buscando firmemente os culpados pela situação, garanto. Os principais suspeitos são essas plantinhas que os cachorros comem pelas ruas quando passeiam com seus donos e as perigosas moleculas orgânicas que, sinistr