Da obra de Benedito Nunes fui, primeiramente, um leitor desarvorado e irresponsável. Depois, acalmei-me, disciplinei-me, tomei-lhe a bênção da razão. Não sendo formado em filosofia, não a tendo estudado, cheguei a ele após descobrir, em Brasília, onde fazia meu mestrado, no começo dos anos 1990, que havia no mundo, qual um fantasma no cativeiro, a sombra do grande conflito hermenêutico. Um feiche de encontros preparou-me esse caminho: a obra de Eudoro de Souza, a leitura de Verité et Methode, de Gadamer e, em seguida, de Tempo e Narrativa, de Ricoeur. A contribuição da Biblioteca da UnB para essa descoberta foi imensa e logo decidi que minhas tardes de sábado passariam a ser dedicadas à leitura dessa turminha que, embora não sem ironia, apelidei de “a razão troiana”. Minha razões são íntimas; um dia explico. Fiz um programa de leituras que começava por Heráclito. Os iniciados saberão o que significa isso. Em algum tempo cheguei a Husserl, depois a Weber, depois a Schultz, depois a H...