Em meus anos de mestrado fui dominado por uma paixão fervorosa pela leitura da minha “razão troiana”. Por um imperialismo bibliográfico desmensurado; por uma gula fenomenológica pré-aritimética; por um egoísmo semi-hegeliano que fazia com que eu me sentisse dono, ao menos sócio, da incauta biblioteca da UnB.
Ao ponto de não me quererem mais na comunicação. A professora Clara Alvim me perguntava: “Porque você não vai para outro programa?”. O professor Murilo Ramos insinuava que meu “objeto” não era “nem comunicativo e nem midiático “. O professor Sérgio Porto já nem me dava confiança. O zelador da Faculdade exigiu que eu lhe devolvesse as chaves do eu armário.
Melhor explico: meu trabalho, sob a influência da “razão troiana” estava no campo da cultura e tentava ser uma sociologia fenomenológica da experiência cultural, tal como, eu ao menos, o entendia.
Ocorre que só eu o entendia. O que, obviamente, não é merito algum.
E também ocorre que, naquele tempo, não havia se dado o fechamento paradigmático que posterioremente se deu no campo da comunicação. Naquele tempo, quem fazia pesquisa em comunicação podia perambular livremente por todas as áreas do conhecimento, numa transfusão interdisciplinar que, até hoje eu advogo, é a mais saudável das coisas.
Era o que eu fazia, mas com o problema de não ter orientador. E então alguém me sugeriu, a partir de um seminário que eu fiz a respeito da obra Passagem para o Poético que o autor do livro, o professor meu conterrâneo, orientasse o trabalho.
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