Hoje eu ia ler o « Decamerão » – leitura apropriada para nosso isolamento – mas acabei encontrando o « Stigmata », de Erving Goffman, e me distraí. Incomodado com um trecho, parti em busca de « Purity and Danger », de Mary Douglas, e acabei encontrando o Levítico. Não li nada direito. Continuei confinado, de quarentena, pesando nas ordens que Deus deu ao sacerdote Aarão, irmão mais velho de Moisés: as ordens de separar o impuro do puro. Nestes tempos nos quais as marcas das impurezas virais são tão dissimuladas, bem sabemos que nada, nem os estigmas estudados por Erving Goffman, nem os tabus estudados por Mary Douglas, têm o poder de separar o impuro do puro. E, por via das dúvidas, restamos todos impuros – de quarentena. Pelo menos restamos acreditando, ao menos isso, que basta lavar muito bem as mãos e usar uma máscara, quando se a tem, porque as ordens que Jeová deu a Aarão (Levítico, 13, na Vulgata), convenhamos, são muito fortes, verdadeiramente assustadoras: O l
Fábio Fonseca de Castro - Fábio Horácio-Castro - fabiofonsecadecastro.org fabiohoraciocastro.com