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Mostrando postagens de maio, 2004

A captrística

Há duas grandes obras antigas que discorrem sobre a ?tica, a "Optica" de Euclides (s?c. II a.c.) e a "Optica" de Ptolomeu (s?c. II d.c.). Nenhum desses dois autores coloca a ótica como uma ação passiva, ou seja, como recepção. Ambos falam no olhar como algo ativo : a luz é apenas um estímulo. O que se vê é uma produção espectral que organiza o visível. Durante dois mil anos, de Platão até o século XVII, se vai pensar que a visão é um raio visual emitido pelo olho. Não se concebia que o raio luminoso fosse emitido pelo próprio objeto, ou seja, que tivesse uma existência física exterior ao olhar. Há, nesse pensamento, uma circularidade inerente. E a circularidade entre o visto e o visível, num sistema de causalidade analógica. Ou seja, numa situação de reversibilidade. São Paulo, a propósito, nos diz que o que est? vivo ? se define por sua visibilidade ? (hé zoè inèto ehôs). Segundo Panofsky, na antiguidade, ? la totalité du monde demeure une réalité essentiellement

A metafísica imagética na filosofia antiga

A metafísica de Platão separa o ser da aparência. Corresponderia o ser a uma essencialidade sua, profunda e superior, que lhe constitui todo o fundamento. A uma essencialidade presente no mundo superior da idéias. A essência do ser (eidos) teria por oposição a imagem do ser (êidolon), por sua vez correspondente à aparência que tem o mundo das idéias no mundo empobrecido da vida. Essa metafísica penetra tão profundamente na cultura ocidental que faz com que toda imagem e toda cópia sejam postas sob suspeita. Suspeita de seu caráter duplo, recorrente. De sua condição mimética, ou seja, do fato de constituir-se como cópia. Essa suspeição gera um dos fenômenos estruturais da nossa sociedade ? que se desdobra em muitos processos da vida cotidiana : formas de preconceito, maneira como são tratados e considerados os artistas e a arte e, num plano mais subjetivo, como certas estratégias culturais ? formas de tratamento, visões de mundo, processos políticos, etc. ? são colocados na vida cotidia

Nota introdutória ao curso Imagem e sociedade

Carnet de idéias, de instrumentos, de planos de aula. Caberia lembrar-me, para poder continuar, que inventei metade deste curso de especialização (a parte imagem e sociedade) e tornei-me refém da outra metade (cinema) - a qual bem não eh minha area de concentracao de pesquisa. Não seria meu projeto, caberia igualmente lembrar-me, o de fazê-lo, mas não havendo outra pessoa disponivel, em meu departamento, nesse momento, para desenvolvê-lo e sendo evidente que se tratava de um projeto importante, aceitei repensa-lo, implementa-lo, coordena-lo. E aqui estamos, devendo eu recolher os fragmentos de um pensamento ainda em curso para transforma-los em ...curso. Ou melhor, em aulas. Provavelmente meus alunos estranharão o "modelo" que sera empregado, cabendo antes de tudo especificar que o objetivo destas aulas sera elaborar uma "compreensão" a respeito de um modo de pensar a imagem e "interpretar" que isto tem a haver com sociedade, com cinema e com Amazônia. Em