Pular para o conteúdo principal

Max WEBER


1854-1920. Jurista por formação, mas também historiador e economista, é um dos pais fundadores da sociologia. Epistemologicamente, defendeu e ilustrou uma “sociologia compreensiva” – “uma ciência que se propõe a compreender, por interpretação, a atividade social”. Pelo viés weberiano, acentua-se o senso que os indivíduos dão a sua ação, os valores que a guiam. Os esforços de Weber dão-se no sentido de elaborar uma tipologia dos determinantes da razão. Se uma “racionalidade instrumental” tem um lugar importante no comportamento social, ela está bem longe de constituir seu único determinante: há também uma ação tradicional (por costume incorporado à prática social), uma ação afetiva (dominada pelos sentimentos) e uma ação racional em valor (orientada por fins últimos, por valores superiores). Seguindo esse modelo, Weber passa a falar “tipos ideais” como categoria analítica que lhe permite observar a forma social tomada pelos valores de um determinado grupo social em uma determinada época. Assim, por exemplo, em sua obra mais famosa, “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, ele fundamenta sua análise observando a relação entre um tipo ideal – no caso a ação racional em valor puritana – e um cenário histórico – os primeiros tempos do capitalismo. A obra de Weber é geralmente referida como a fundadora do “individualismo metodológico”. Por tal, compreenda-se a estratégia de interpretar o mundo social com base no sentido que os atores sociais dão à sua ação – recusando toda espécie de conceito geral e coletivo. Só os indivíduos são reais; as pretensas estruturas sociais, como o “Estado”, o “partido”, o “matrimônio”, etc., devem, em última instância, ser sempre reduzidos às ações individuais de que elas são o resultado. Para Weber, as estruturas sociais só existem como estruturas mentais. São, como ele próprio diz, “uma representação que flutua na cabeça dos homens reais”. A obra de Weber aporta a nosso trabalho de pesquisa duas de suas dimensões essenciais: em primeiro lugar a categoria analítica dos “tipos ideais”, pela qual se pode compreender como a forma social se configura, tipicamente, para um determinado grupo; em segundo lugar, uma postura anti-metafísica, pela qual se procura revelar a existência dos valores e das estratégias humanas por trás de toda forma e de toda estrutura social à princípio dada como indubitável.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

UFPA: A estranha convocação do Conselho Universitário em dia de paralização

A Reitoria da UFPA marcou para hoje, dia de paralização nacional de servidores da educação superior, uma reunião do Consun – o Conselho Universitário, seu orgão decisório mais imporante – para discutir a questão fundamental do processo sucessório na Reitoria da instituição. Desde cedo os portões estavam fechados e só se podia entrar no campus a pé. Todas as aulas haviam sido suspensas. Além disso, passamos três dias sem água no campus do Guamá, com banheiros impestados e sem alimentação no restaurante universitário. Considerando a grave situação de violência experimentada (ainda maior, evidentemente, quando a universidade está vazia), expressão, dentre outros fatos, por três dias de arrastões consecutivos no terminal de ônibus do campus – ontem a noite com disparos de arma de fogo – e, ainda, numa situação caótica de higiene, desde que o contrato com a empresa privada que fazia a limpeza da instituição foi revisto, essa conjuntura portões fechados / falta de água / segurança , por s...

Natal de 73

Jamais consegui obter, de meus pais e avós, a revelação da identidade secreta da pessoa que, no Natal em que eu tinha 5 anos de idade, em 1973, vestiu-se de Papai Noel e quase conseguiu acabar com a festa de todo mundo. Após longos anos de raciocínio e ponderações, estou convicto de que essa pessoa era minha babá, a Quicê, ou Dedê, como eu, privadamente, a chamava. Porém, algumas pistas falsas foram colocadas em meu caminho para me desviar da resolução desse enigma. Em geral, essas pistas falsas sugeriam que o malfadado Papai Noel da noite era o tio Antônio, ou melhor, tio Antoniquinho, como eu, privadamente, o chamava. Esclareço que a alcunha desse tio se devia ao fato de que havia já, na família, meu amado tio-avô Antonico, já diminutivo de outro Antônio, a quem dava referência e que ficara no passado. Mas jamais acreditei nessas pistas. Em primeiro lugar porque o tio Antoniquinho era magro como um pavio, sendo impossível vesti-lo de Papai Noel de maneira razoável, respeitando, mi...