A metafísica de Platão separa o ser da aparência. Corresponderia o ser a uma essencialidade sua, profunda e superior, que lhe constitui todo o fundamento. A uma essencialidade presente no mundo superior da idéias. A essência do ser (eidos) teria por oposição a imagem do ser (êidolon), por sua vez correspondente à aparência que tem o mundo das idéias no mundo empobrecido da vida.
o Essa metafísica penetra tão profundamente na cultura ocidental que faz com que toda imagem e toda cópia sejam postas sob suspeita. Suspeita de seu caráter duplo, recorrente. De sua condição mimética, ou seja, do fato de constituir-se como cópia.
o Essa suspeição gera um dos fenômenos estruturais da nossa sociedade ? que se desdobra em muitos processos da vida cotidiana : formas de preconceito, maneira como são tratados e considerados os artistas e a arte e, num plano mais subjetivo, como certas estratégias culturais ? formas de tratamento, visões de mundo, processos políticos, etc. ? são colocados na vida cotidiana.
o De certa maneira, a imagem constitui uma ausência e uma condenação ? o que é um paradoxo, pois, ao condenar-se uma coisa que está ausente, uma coisa que se realiza enquanto possibilidade, condena-se a própria mente que a elabora. O sujeito, pois, que condena a imagem, condena-se a si próprio, tangencialmente pelo ato de a elaborar.
o Condena-se uma presença possível. Porém, essa presença é, em si mesma, tangencial. Pois, na medida em que a imagem evoca uma presença tangencial em si mesma, ela evoca concomitantemente uma não presença.
o Que seria a imagem senão a idéia? A cultura ocidental discursa sobre o tátil, o material, opondo-o ao visual. Ao fazê-lo, delimita uma dicotomia essencial que norteia todo o caráter do imagético - ou seja, da cultura da imagem - ou, ainda, da conceituação e figuração da imagem na cultura ocidental.
- Aristóteles: Tanto em Platão como em Aristóteles tem-se a idéia de que a verdade e a falsidade das palavras é derivada da verdade ou falsidade dos pensamentos que elas expressam. E é próprio da teoria do sentido de Aristóteles, o uso da idéia de semelhança para dar conta das propriedades intrínsecas das representações. Esta noção de semelhança (omoimata), instaura, no entanto, um problema que vai acompanhar todo o desenvolvimento das teorias do simbolismo, e que permanece ativo nas discussões filosóficas contemporâneas sobre a natureza da representação.
o Como Aristóteles enfatizava, frases declarativas possuem sentido porque expressam conteúdos discursivos (juízos ou proposições), aos quais atribuímos primariamente a propriedade de ser verdadeiro ou falso. E aqui se coloca o impasse: como a correspondência entre tais conteúdos judicativos ou discursivos e as coisas ou estados de coisas que eles representam pode ser explicada por meio da noção de semelhança? Em que sentido o discurso pode ser semelhante ao que ele representa?
o Aristóteles tentou solucionar o "impasse da semelhança" com a hipótese do isomorfismo: representação e representado são semelhantes porque compartilham da mesma forma (Aristóteles, 1971). Neste ponto, é preciso enfatizar que o objeto desta semântica é o logos aponfanticos (a frase declarativa de tipo sujeito-predicado). Ou seja, representações complexas constituídas por representações mais básicas ou primitivas e estruturadas proposicionalmente. Entre tais representações complexas e as coisas que elas representam havia, segundo a hipótese aristotélica, uma semelhança formal.
o Putnam, na discussão crítica que faz com respeito à idéia geral do isomorfismo, atribui a Aristóteles a responsabilidade pelo que ele chama de "equívocos" da teoria do significado como correspondência - que permaneceu hegemônica até o aparecimento das concepções pragmáticas do sentido.
o A teoria [aristotélica] empregou, como as teorias modernas, a idéia de representação mental. A representação, imagem mental do objeto externo, foi chamada de fantasma por Aristóteles (Aristóteles, 1968). Há uma relação de semelhança entre
o fantasma e o objeto externo, em virtude da qual o primeiro representa o segundo: o fantasma compartilha de uma forma com o objeto externo. Já que ambos são semelhantes (...) a mente, ao ter acesso ao fantasma, também tem acesso diretamente à própria forma do objeto (Putnam, 1988:66)
o Essa metafísica penetra tão profundamente na cultura ocidental que faz com que toda imagem e toda cópia sejam postas sob suspeita. Suspeita de seu caráter duplo, recorrente. De sua condição mimética, ou seja, do fato de constituir-se como cópia.
o Essa suspeição gera um dos fenômenos estruturais da nossa sociedade ? que se desdobra em muitos processos da vida cotidiana : formas de preconceito, maneira como são tratados e considerados os artistas e a arte e, num plano mais subjetivo, como certas estratégias culturais ? formas de tratamento, visões de mundo, processos políticos, etc. ? são colocados na vida cotidiana.
o De certa maneira, a imagem constitui uma ausência e uma condenação ? o que é um paradoxo, pois, ao condenar-se uma coisa que está ausente, uma coisa que se realiza enquanto possibilidade, condena-se a própria mente que a elabora. O sujeito, pois, que condena a imagem, condena-se a si próprio, tangencialmente pelo ato de a elaborar.
o Condena-se uma presença possível. Porém, essa presença é, em si mesma, tangencial. Pois, na medida em que a imagem evoca uma presença tangencial em si mesma, ela evoca concomitantemente uma não presença.
o Que seria a imagem senão a idéia? A cultura ocidental discursa sobre o tátil, o material, opondo-o ao visual. Ao fazê-lo, delimita uma dicotomia essencial que norteia todo o caráter do imagético - ou seja, da cultura da imagem - ou, ainda, da conceituação e figuração da imagem na cultura ocidental.
- Aristóteles: Tanto em Platão como em Aristóteles tem-se a idéia de que a verdade e a falsidade das palavras é derivada da verdade ou falsidade dos pensamentos que elas expressam. E é próprio da teoria do sentido de Aristóteles, o uso da idéia de semelhança para dar conta das propriedades intrínsecas das representações. Esta noção de semelhança (omoimata), instaura, no entanto, um problema que vai acompanhar todo o desenvolvimento das teorias do simbolismo, e que permanece ativo nas discussões filosóficas contemporâneas sobre a natureza da representação.
o Como Aristóteles enfatizava, frases declarativas possuem sentido porque expressam conteúdos discursivos (juízos ou proposições), aos quais atribuímos primariamente a propriedade de ser verdadeiro ou falso. E aqui se coloca o impasse: como a correspondência entre tais conteúdos judicativos ou discursivos e as coisas ou estados de coisas que eles representam pode ser explicada por meio da noção de semelhança? Em que sentido o discurso pode ser semelhante ao que ele representa?
o Aristóteles tentou solucionar o "impasse da semelhança" com a hipótese do isomorfismo: representação e representado são semelhantes porque compartilham da mesma forma (Aristóteles, 1971). Neste ponto, é preciso enfatizar que o objeto desta semântica é o logos aponfanticos (a frase declarativa de tipo sujeito-predicado). Ou seja, representações complexas constituídas por representações mais básicas ou primitivas e estruturadas proposicionalmente. Entre tais representações complexas e as coisas que elas representam havia, segundo a hipótese aristotélica, uma semelhança formal.
o Putnam, na discussão crítica que faz com respeito à idéia geral do isomorfismo, atribui a Aristóteles a responsabilidade pelo que ele chama de "equívocos" da teoria do significado como correspondência - que permaneceu hegemônica até o aparecimento das concepções pragmáticas do sentido.
o A teoria [aristotélica] empregou, como as teorias modernas, a idéia de representação mental. A representação, imagem mental do objeto externo, foi chamada de fantasma por Aristóteles (Aristóteles, 1968). Há uma relação de semelhança entre
o fantasma e o objeto externo, em virtude da qual o primeiro representa o segundo: o fantasma compartilha de uma forma com o objeto externo. Já que ambos são semelhantes (...) a mente, ao ter acesso ao fantasma, também tem acesso diretamente à própria forma do objeto (Putnam, 1988:66)
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