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Blanchot e Lévinas

Se 2006 foi o ano de centenário do nascimento de Emmanuel Lévinas, 2007 o é de Maurice Blanchot. Os dois filósofos – este último também escritor – foram ligados por uma amizade profunda desde que se conheceram, ainda estudantes do primário. A influência foi mútua. A fenomenologia de Lévinas encontra eco em temas estranhos, trabalhados por Blanchot ao longo de toda a sua obra: a noite e o “neutro”, a escritura, a poética de “testemunho”, e a alteridade. Lévinas, nascido em 1906 e falecido em 1995, foi o introdutor da fenomenologia e de Husserl na França, além de importante comentador da obra de Heidegger. Blanchot foi um escritor e um filósofo original: como escritor, produziu uma obra insólita, marcada por questões fenomenológicas. Como filósofo, produziu uma obra bizarra – no bom sentido – na qual se acentuam discussões sobre coisas tais como, justamente, “a noite e o neutro”. A fundo, acho que a obra de Blanchot se deixou impregnar pela ética de Lévinas, centrada no princípio da responsabilidade infinita para como “o outro”. Cheguei à obra de Lévinas por meio de Sartre, de quem o professor Benedito Nunes, não poucas vezes, denunciou o estado de confusão – em relação à fenomenologia - e, por essa razão, cheguei a Lévinas com certa precaução. No entanto, hoje em dia, desfeito o engano (meu engano), considero Lévinas um pensador extremamente contemporâneo. Sua ética é absolutamente contemporânea e está no cerne do debate sobre a alteridade, os fluxos migratórios e a identidade pós-moderna. Quanto a Blanchot, no que pese certa dificuldade que tenho em ler sua obra, posso dizer que se pode encontrar, nele, uma conexão aos temas da alteridade da mesma forma lúcida e contemporânea.

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