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No blog Dissidência, que também remete ao assunto, também há um post interessante, com uma reflexão que nós, aqui, não fazemos: se as elites do Pará se unissem, teriam força política...
De colônia em colônia

O Tiago Thuin escreveu um texto nesta semana comparando a relação do Sul/Sudeste do país com o Norte do país com relação entre metropóles e colônias. Creio que isso é mais complicado. Pode-se alegar que a França, país com maior extensão de territórios ultramarinhos dá a mesma representação política a seus territórios, inclusive com cidadania para seus habitantes. Mas colonialismo sempre funcionou no sentido da dominação política e no caso(Puerto Rico, que é mais que quase a metade dos estados americanos, mas não tem voto no Congresso nem no Colégio Eleitoral, que o diga), e no caso brasileiro temos um sistema político com bias em prol de estados pequenos. Tanto que a região tem uma delegação com o exato tamanho da delegação da “metropóle” no Senado, mesmo com população mais de cinco vezes menor.
Se as elites do Pará ou do Norte como um todo fossem contra a Usina Belo Monte ou contra Carajás não faltariam instrumentos políticos para impedir. E claro, obras desastrosas do ponto de vista ambiental para beneficiar outras regiões não são exclusividade de regiões de população esparsamente povoada e de ocupação recente. O exemplo mais chocante deste tipo de dinâmica ocorre na região da Appalachia, nos Estados Unidos, aonde a exploração do carvão para suprir as necessidades energéticas da Costa Nordeste do país devasta a saúde dos trabalhadores e montanhas inteiras(A Virgínia Ocidental, que só perde a posição de estado mais pobre da federação para o Mississipi, tem uma das maiores taxas de emissão de carbono por causa de termoelétricas que fornecem energia para fora do estado). E creio que soaria um tanto quanto bizarro chamar a Virginia Ocidental e o oeste do Kentucky de colônias de Nova York ou algo parecido.
O sistema político brasileiro, aliás, é bizarro: permite que o Congresso seja controlado pelos estados pequenos do Norte/Nordeste, enquanto que em termos de eleições presidenciais Minas Gerais e São Paulo tem muito mais poder que deveriam ter(Quem se dá mal são estados que não são nem grandes para definir a eleição presidenciel nem pequenos para serem superrepresentados no Congresso). E há o bizarro terceiro maior colégio eleitoral do país, que apesar desta posição(E de ter a sede da Petrobrás e do BNDES) costuma ter poder nulo tanto no Congresso quanto nas eleições presidenciais. Logo, definir quem seria colônia e quem seria metrópole é bem complicado.

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