Um cálculo feito por Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, para o Valor:
Em 1992, as pessoas que completavam o ensino médio ganhavam em média 80% a mais do que as que terminavam somente o primeiro ciclo do ensino fundamental. Hoje em dia elas recebem 60% mais. Isso aconteceu porque, em 1992, para cada duas pessoas que abandonavam os estudos na 4ª série, uma concluía o ensino médio.
Com relação ao ensino superior, o seu diferencial de salários com relação aos concluintes do ensino médio era de 120% em 1992, aumentou para 160% em 2002 e declinou nos últimos 6 anos, até atingir 150% em 2008. Isto aconteceu porque a razão entre concluintes do ensino médio e do superior cresceu de 2,6 para 3,4 entre 1992 e 2002, mas declinou para 3,2 em 2008. Ou seja, devido ao alto retorno do ensino superior, mais jovens entraram na faculdade, o que diminuiu o diferencial de salários. A oferta cresceu mais rápido do que a demanda.E quanto aos pós-graduados? Este é um grupo muito pouco estudado no mercado de trabalho brasileiro. As pesquisas domiciliares do IBGE nos permitem investigar o perfil dos trabalhadores que concluem os programas de mestrado e doutorado no Brasil. Seu número aumentou de 161 mil em 1992 para 586 mil em 2008, cerca de 260%. Segundo a Capes, o Brasil está formando hoje em dia quase 40 mil mestres e 10 mil doutores por ano, um crescimento significativo com relação ao passado recente. Ainda assim, hoje há cerca de 17 graduados para cada pós-graduado no Brasil. Por isto, o diferencial salarial entre mestres/doutores e formados no ensino superior, que era de 40% em 1992, passou para 70% em 2008. É o único diferencial de salários que ainda está crescendo. Ou seja, se houver algum apagão de mão de obra qualificada no Brasil, é de mão de obra pós-graduada.
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