Pular para o conteúdo principal

A camiseta de Gabriel


Todos olhamos, estupefactos, para a imagem do ex-governador Almir Gabriel recebendo, com sua camiseta cavadinha, o ex-governador Jader Barbalho e o presidente da Assembléia Legislativa, Domingos Juvenil, ambos com terno e gravata (que Jáder, em seguida, retirou), para um café da manhã. Gestos de políticos são gestos políticos. Nós, apenas observamos, estupefactos.
A insólita imagem foi hiper comentada durante todo o dia de ontem. Muitos se perguntaram se havia uma mensagem naquilo. Outros, se perguntaram sobre o modelo da camiseta. Para uns, foi uma forma de Gabriel constranger seu antigo desafeto, agora aliado convencional. Para outros, um ato anarquista. Porfim, para terceiros, um puro ato de senilidade.
Olhando a imagem, recordei do bordão do não menos ex-governador Hélio Gueiros nas últimas eleições estaduais: “Eu estou tinindo!”. Talvez seja essa a idéia que Gabriel desejou transmitir: a de que ainda tem força, tanto física como política.
Porém, muito provavelmente, não havia mensagem alguma no seu vestuário. Apenas abriu seu armário, pegou a camiseta cavadinha e pronto. Eventualmente, sua esposa aconselhou: “Bota esta, está bonitinha!”. Simples assim, inocente assim.
Ocorre que, como dizia acima, gestos de políticos são gestos políticos. Ontem no fim da manhã encontrei meus alunos comentando o ocorrido. A tarde, numa reunião de apoio à candidatura à deputado federal de um amigo, o assunto voltava de vez em quando. A noite, porfim, numa festa de aniversário de outro amigo, cheia de jornalistas e publicitários, mais uma vez o tema veio à bala.
Todos os comentários que ouvi davam conta de uma cena meio patética, algo insólita. Talvez como a própria política. Pois, como dizia, gestos de políticos são gestos políticos. E nós, apenas observamos, estupefactos.

Comentários

Anonymous disse…
Não devemos nunca desconsiderar o efeito "Hamlet", aquele príncipe que fingiu enlouquecer para punir o padrasto calhorda que tirou a vida do seu pai, um rei justo. Essa parelha de bigodões e sobrancelhudos não pode ser subestimada; afinal são doutores em artimanhas nas quais a gente ainda está apenas "gatinhando". Vamos observar a evolução dos fatos - e das camisetas.

Um abraço,
Gaya
Marluce Teixeira disse…
Fábio querido,
Lembras que o Collor passava mensagens através das camisetas que usava para correr? O Almir Gabriel pode acabar fazendo isso. Já pensou algo "Morra Jatene".
Bj.
Anonymous disse…
Caro professor,
Eu nunca imaginei ver uma sena é... como dizer... tão pitoresca como essa. Mas se por um lado nos causa enorme espanto o traje despojado do Tucano, por outro Jader Barbalho, político profissional, que faz tudo pelo poder e pelo dinheiro, entregar-se a qualquer um para alcançar seus objetos já citados não. A contradição das posições leva-nos a suspeitar de que o problema posto nessa imagem é mais complexo do que à primeira vista poderá parecer e de que a sua compreensão exige uma análise muito cuidadosa. Ao ver essa foto fiquei com uma duvida enorme se esse “gesto político” e pragmática comum entre os (ex) governadores (as) do nosso estado. Fica a pergunta qual era o traje dá Gov. Ana Julia ao receber o mesmo Barbalho 4 anos atrás?
Anonymous disse…
Caro professor,
Eu nunca imaginei ver uma sena é... como dizer... tão pitoresca como essa. Mas se por um lado nos causa enorme espanto o traje despojado do Tucano, por outro Jader Barbalho, político profissional, que faz tudo pelo poder e pelo dinheiro, entregar-se a qualquer um para alcançar seus objetos já citados não. A contradição das posições leva-nos a suspeitar de que o problema posto nessa imagem é mais complexo do que à primeira vista poderá parecer e de que a sua compreensão exige uma análise muito cuidadosa. Ao ver essa foto fiquei com uma duvida enorme se esse “gesto político” e pragmática comum entre os (ex) governadores (as) do nosso estado. Fica a pergunta qual era o traje dá Gov. Ana Julia ao receber o mesmo Barbalho 4 anos atrás?
Prezado Gaya,
Seria Gabriel o Hamlet da política paraense? O que finge enlouquecer para garantir o poder usurpado?
Querida Marluce,
Fico imaginando o Gabriel fazendo cooper, com dois seguranças atrás. Ele com uma camiseta com a mensagem "Forever Juvenil". O que vc acha?
Anônimo das 11:03,
Sejamos, então, cuidadosos na análise das imagens. Quanto aos trajes da Ana, creio que eram esportivos, jamais um tailleur de senadora. Porém, não devia ser uma camisetinha cavada.

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

UFPA: A estranha convocação do Conselho Universitário em dia de paralização

A Reitoria da UFPA marcou para hoje, dia de paralização nacional de servidores da educação superior, uma reunião do Consun – o Conselho Universitário, seu orgão decisório mais imporante – para discutir a questão fundamental do processo sucessório na Reitoria da instituição. Desde cedo os portões estavam fechados e só se podia entrar no campus a pé. Todas as aulas haviam sido suspensas. Além disso, passamos três dias sem água no campus do Guamá, com banheiros impestados e sem alimentação no restaurante universitário. Considerando a grave situação de violência experimentada (ainda maior, evidentemente, quando a universidade está vazia), expressão, dentre outros fatos, por três dias de arrastões consecutivos no terminal de ônibus do campus – ontem a noite com disparos de arma de fogo – e, ainda, numa situação caótica de higiene, desde que o contrato com a empresa privada que fazia a limpeza da instituição foi revisto, essa conjuntura portões fechados / falta de água / segurança , por s...

Natal de 73

Jamais consegui obter, de meus pais e avós, a revelação da identidade secreta da pessoa que, no Natal em que eu tinha 5 anos de idade, em 1973, vestiu-se de Papai Noel e quase conseguiu acabar com a festa de todo mundo. Após longos anos de raciocínio e ponderações, estou convicto de que essa pessoa era minha babá, a Quicê, ou Dedê, como eu, privadamente, a chamava. Porém, algumas pistas falsas foram colocadas em meu caminho para me desviar da resolução desse enigma. Em geral, essas pistas falsas sugeriam que o malfadado Papai Noel da noite era o tio Antônio, ou melhor, tio Antoniquinho, como eu, privadamente, o chamava. Esclareço que a alcunha desse tio se devia ao fato de que havia já, na família, meu amado tio-avô Antonico, já diminutivo de outro Antônio, a quem dava referência e que ficara no passado. Mas jamais acreditei nessas pistas. Em primeiro lugar porque o tio Antoniquinho era magro como um pavio, sendo impossível vesti-lo de Papai Noel de maneira razoável, respeitando, mi...