É um processo em curso na economia globalizada. As empresas de comunicação vão sendo adquiridas por outras, que vão ficando cada vez mais fortes e, em conseqüência, vão adquirindo mais empresas, num ciclo contínuo e fagocitário.
Títulos tradicionais, como os britânicos The Independent e The Evening Standard, os norte-americanos The Wall Street Journal, Newsweek e o francês France-Soir já foram devorados por essas mega-empresas e mudaram completamente suas linhas editoriais.
Presentemente, na Itália, ocorre uma queda de braços entre o grupo Mediaset, do primeiro ministro e empresário Silvio Berlusconi e o grupo do australiano Ropert Murdoch, o Sky Itália. Nos EUA, Murdoch está fazendo uma verdadeira festa.
Nos Estados Unidos, a News Corporation de Murdoch avança a passos largos: já adquiriu o controle do New York Post, principal tablóide do país; da Fox News; do estúdios Fox; do The Wall Street Journal e da editora Harper Collins. No mesmo país acompanha-se uma operação agressiva de controle acionário do The New York Times pelo milionário mexicano Carlos Slim, dono da Televisa, principal conglomerado mexicano de comunicação.
E esse fenômeno não acontece apenas nos países ricos. Também nos estados em desenvolvimento vê-se movimentos similares de concentração midiática. Na Polônia os dois principais jornais, o Fakt e o Polska, ambos com tiragem superior a 300 mil exemplares/dia, foram recentemente adquiridos por empresas alemães.
O Brasil não está de fora dessa festa. O Ongoing Media Group, grupo português liderado pelo empresário Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos, já possui o Brasil Econômico e, no ano passado, adquiriu o controle do grupo O Dia, que inclui, além desse jornal, os tablóides Meia Hora e Campeão. Em Portugal, o Ongoing detém 20% do grupo Impressa, é acionista da Portugal Telecom e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o Zon Multimídia.
O Brasil, na verdade, está muito vulnerável à convergência midiática. Em 2002 foi aprovada, pelo Congresso Nacional, a Emenda Constitucional n. 36, que permite a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de comunicação.
Na verdade, na prática, o capital estrangeiro já estava aqui, muito bem instalado, por meio da empresas de telecomunicações. Só que, antes, elas não eram consideradas empresas de comunicação. Associações milionárias dão, hoje, a cara das comunicações brasileiras. Por exemplo, os vínculos entre o Grupo Abril e o grupo sul-africano Naspers; da rede Globo com as japonesas Net e Sony, com a mexicana Telmex e com a mundial News Corporation/Sky.
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