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Política de Comunicação 5: Quem controla a mídia no Brasil?

Há 9.477 veículos de comunicação no Brasil. Nem todos produzem seu próprio conteúdo, e por isso se vinculam em redes, com outros veículos. Os grandes grupos nacionais dominam o mercado, produzindo o conteúdo que será veiculado por esses veículos. Alguns complementam a programação com pequenas parcelas de produção local, mas não há uma efetiva regionalização das programações. Uma ilusão de regionalização até pode ser, mas nada muito sério.
Mas para analisar melhor como se dá o controle de mídia no país, é preciso fazer uma separação de níveis, entre os grandes grupos e os grupos regionais.
No primeiro nível estão os grandes produtores de conteúdo, que também possuem concessões de rádio e TV, além de jornais, editoras e portais na Internet. São os seguintes:
  • Organizações Globo - Família Marinho. Controla 69 veículos de comunicação, vinculados às redes Globo de televisão, Globo de rádio e CBN de rádio. Também possui o Jornal Globo, portal na Internet e editora.
  • Igreja Universal do reino de Deus – Comandada pelo bispo Edir Macedo. Controla 27 veículos em quatro redes: Record (TV), RecNews (TV),  Família (TV) e Aleluia FM (FM).
  • Sistema Bandeirantes de Comunicação - Família Saad. Controla 47 veículos nas seguintes redes: Band de TV, Band News FM, Band FM, PlayTV e Band Sat.
  • Sistema Brasileiro de Televisão-SBT - Silvio Santos. Controla 19 veículos.
  • Grupo O Estado de São Paulo (Estadão) - Família Mesquita 
  • Grupo Folha - Família Frias. Controla o jornal Folha de São Paulo.
  • Grupo Abril - Família Civita. Controla a MTV e, por meio dela, 74 veículos de comunicação. É responsável por 70% do mercado de revistas do país, incluindo a Veja.
  • Grupo Sisac - Sistema Adventista de Comunicação. Controla 19 veículos, centrado na rede de rádio Novo Tempo.
  • Grupo Renascer - Da Igreja Apostólica Renascer em Cristo. Cotrola duas redes de TV, a Gospel e a RBT.
  • Grupo FJPII (Fundação João Paulo II) – Vinculado à Igreja Católica, controla a rede Canção Nova (TV), com 11 veículos.
O segundo nível é formado pelos grupos regionais. Alguns possuem uma expressão econômica maior do que os demais, mas em geral, são replicadores do conteúdos produzidos pelo primeiro nível.
  • Grupo RBS (Rede Brasil Sul de Comunicação)- Família Sirostski no Rio Grande do Sul. Possui 21 emissoras FM, 18 emissoras geradoras de TV e 259 retransmissoras de TV em dois estados: Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Parceiro da Rede Globo.
  • Organizações Jaime Câmara – Possui 27 veículos em dois estados: Goiás e Tocantins. Destaque para a Rádio Araguaia e para o jornal O Popular, de Goiânia.
  • Grupo Docas Investimento, do empresário Nelson Tanure, que possui o Jornal do Brasil, A Gazeta Mercantil, a revista Forbes Brasil e a agência de notícias InvestNews.
  • Sistema Mirante – Da família Sarney. Com 22 veículos, dentre rádios, TVs e jornais, domina a comunicação no Maranhão.
  • Organizações Rômulo Maiorana (ORM) – Tem 15 veículos no Pará. Bem o conhecemos, bem o conhecemos.
  • Central Barriga Verde de Comunicação (CBV) – Possui 14 veículos em Santa Catarina. Parceiro da Band.
  • Grupo Petrelli de Comunicação (RIC) – Possui 14 veículos no Paraná. Parceiro da Record.
  • Sistema Jornal do Commercio de Comunicação – De Pernambuco. Parceiro da Globo, tem 14 veículos nesse estado.
  • Grupo Boa Sorte. Vinculado ao SBT. Tem 13 veículos no Tocantins.
  • Rede Amazônica – Sediado em Manaus, possui 13 veículos espalhados pelos estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia.
Há muitos outros. Grupos regionais, a maioria deles dominados por famílias de políticos. Por exemplo: os Barbalho, do Pará, têm a RBA. Os Collor em Alagoas, os Alves e os Maia no Rio Grande do Norte, os Magalhães na Bahia, os Jereissati no Ceará e a família do senador Albano Franco, também em Alagoas. Oportunamente detalharemos mais como funciona o controle da mídia.
No total, há 41 grupos de comunicação com abrangência nacional ou regional expressiva no Brasil. Esses 41 grupos controlam 551 veículos de comunicação, dentre concessões de rádio e TV ou jornais.

Comentários

Anônimo disse…
Prof. Fábio estou finalizando o meu projeto de TCC no qual irei abordar como temática as interferências políticas e do mercado nas dinâmicas de atuação e nos processos de produção de conteúdo da TV Cultura do Pará, e também traçar uma discussão sobre o desenvolvimento de políticas de comunicação focadas na efetivação de um sistema público de radiodifusão. Queria saber se você poderia me fornecer a fonte de onde foram extraídas essa informações.

Ailton Faro
hupomnemata disse…
Olá Ailton,
Veja no site Donos da Mídia. Tem um link no bloroll, ao lado, no título Comunicação de Verdade.

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