Da BBC BRASIL:
A Suprema Corte do Paquistão decidiu nesta sexta-feira inocentar cinco de um grupo de seis homens acusados de estuprar coletivamente uma mulher seguindo ordens de um conselho de anciãos da vila onde viviam.
O tribunal ordenou a libertação imediata dos cinco homens. Um sexto homem que participou do estupro coletivo teve sua sentença de morte trocada por prisão perpétua.
A entidade ainda não emitiu um comunicado oficial explicando a decisão, mas um tribunal de Lahore, cuja decisão nesse caso foi mantida pela Suprema Corte, disse que o veredicto se deu por falta de evidências.
Correspondentes dizem que é possível que, devido ao impacto que a decisão terá sobre as mulheres paquistanesas, o caso seja reexaminado.
O caso
O estupro coletivo aconteceu em 2002. Mukhtaran Mai, uma aldeã analfabeta da província de Punjab (leste do país), foi atacada supostamente sob ordens do poderoso clã Mastoi.
Ela teria sido castigada porque seu irmão de 12 anos de idade teria tido um caso com uma mulher Mastoi e, consequentemente, teria trazido vergonha para todo o clã dela.
Em vez de cometer suicídio, como muitas mulheres paquistanesas estupradas, Mai iniciou uma batalha legal e se tornou um símbolo da defesa dos direitos das mulheres no Paquistão.
Mas, após a decisão desta quinta-feira, ela diz temer por sua vida.
Comentário do Hupomnemata: Essa notícia impressiona, tanto pela informação a respeito da situação da mulher no Paquistão, como pela coragem de Mukhtaran Mai. O caso é emblemático para a luta pelos direitos humanos e merece ser replicado. Certa vez li uma notícia sobre uma mulssumana enterrada viva por seu pai e irmão, porque se julgavam ofendidos pelo simples fato da moça ter um namoradinho, um simples flerte (e mesmo que não fosse...). Ela conseguiu se “desenterrar” e sobreviveu. Pediu asilo político à França e reconstruiu sua vida, mas é uma exceção, num mundo de iniqüidades contra as mulheres.
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