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Cartografias da cidade-látex


Entre 1880 e 1912, período áureo da economia seringueira na Amazônia, a cidade de Belém foi o ponto central de um discurso de poder - a modernidade - que lhe reformulou o plano urbano e os costumes. O monopólio mundial do látex, mantido pela Amazônia nesse período, permitiu investimentos, públicos e privados, que tornaram Belém uma cidade única, de cores tradicionais acrescidas dos signos de sofisticação, higienização e agilização da vida citadina do mundo europeu de então. Seguindo esses princípios, essa Belém ergueu-se altiva, uma capital da modernidade, ainda que na periferia extrativista e monocultora do capitalismo oitocentista.
Em 1905 o município de Belém possuía uma área de 40.156.568 m2, com 24.103.972 m2 de área edificada, o que correspondia a 53 ruas e avenidas, 52 travessas, um número incalculável de "corredores" e pequenos caminhos, 22 largos, 790 construções assobradadas, inclusive os "palacetes", 9.152 prédios, 2.600 pequenas casas e onze grandes trapiches nos portos.
Essa era a cidade "lemista", administrada pelo intendente Antônio José de Lemos, principal líder político paraense entre 1897 e 1912 e que realizou tantas reformulações na cidade que, não raro, associa-se à sua figura a própria "Era da Borracha", como se tivesse sido o principal responsável pela riqueza amazônica da época. A Belém-látex pré-lemista, tanto a capital do Grão-Pará imperial quanto a cidade dos primeiros tempos republicanos, já apresentava uma série de avanços modernos. No entanto, para dizer o que "foi", modernamente, a Belém-látex, seria melhor ir a 1912, ano da débacle - a falência da economia seringueira -, para que se tenha a somatória das cartografias das suas modernidades, seja a parte de Belém que foi de inspiração "lemista", seja a parte dela que surgiu de outras inspirações, tanto públicas quanto particulares.

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