O Blog Ananindeua Debates me pediu, há mais de uma semana, uma breve leitura da situação de hegemonia alcançada pelo PSDB na região metropolitana de Belém, nas últimas eleições. Sendo bem objetivo, penso que a situação produz algumas tendências:
1. Com hegemonia e imenso controle sobre a máquina pública paraense, os tucanos vão diminuir a guarda, o autocontrole, o cuidado que aprenderam a ter quanto à sua visibilidade. Deverão voltar a cometer os excessos de poder que antes cometiam. Os erros de sempre, os rasgos de corrupção, o autoritarismo deverão aparecer mais. Com menos estruturas de vigilância, a tentação será grande, provavelmente incontrolável.
2. Com tal hegemonia, também vão trabalhar pouco, fazer o mínimo. Pobre de Belém, que passará da inépcia para a inércia...
3. A situação de hegemonia também favorece o projeto de higienização social liderado pelo secretário de cultura, Paulo Chaves: trata-se o projeto de virar as costas para a Belém real e seus problemas, abrindo mão de toda responsabilidade com as políticas sociais reais e criar ficções de espaço público, impermeáveis e inacessíveis à população.
4. Com menos vigilância e menos enfrentamentos políticos, o PSDB deverá priorizar sua ação política exclusivista, atendendo aos anseios de seus principais apoiadores. Muita publicidade, associada a projetos de fácil visibilidade, vão disfarçar o abandono da segurança, da saúde, da educação e do seneamento. A vida da maior parte da população de Belém certamente vai piorar. Belém vai chegar aos 400 anos com índices sociais piores que os de hoje e isso é o resultado do acúmulo de muitos anos desse projeto político covarde e insignificante.
5. As disputas internas também deverão ser grandes. Com a eleição, Zenaldo Coutinho furou a fila e avançou algumas casas na fila interna do PSDB. Muita gente deve estar aborrecida e preparando pequenos conflitos de poder que tendem a prejudicar a governabilidade do governador.
6. Por fim, essa hegemonia no Pará, acrescida do domínio de Manaus pelo PSDB – bastante simbólica, por constituir uma vitória de um adversário truculento do PT, constitui um fato isolado, pois no restante do Brasil o PSDB regrediu. A perda de São Paulo tem um ar dramático para o partido e pode condená-lo a uma crise sem final. Enfraquecido o partido, as forças partidárias tendem a caminhar em direção ao centro, abandonando as margens. O PSDB do Pará é irrelevante para o projeto nacional do PSDB. Será abandonado, largado à sua própria sorte.
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