Afinal o que importa não é a
literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o
negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser
novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter
medo:
fechar os olhos frente ao
precipício
e cair verticalmente no vício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há
bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é
haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter
medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao
alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora!
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora!
– rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e
gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny, Nobilíssima
Visão (1945-1946) in Burlescas,
teóricas e sentimentais
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