Acabamos agora a seleção da Turma
2016 do Ppgcom - o Programa de Pós-graduação Comunicação, Cultura e Amazônia, que tenho a honra de coordenar e que oferece o mestrado em comunicação da UFPA.
A turma selecionada é muito boa, mas não conseguimos preencher todas as vagas: das 22 abertas, 20 foram preenchidas. Não por falta de candidatos, mas o fato é que nem todos conseguiram atender às exigências do processo seletivo e chegar ao final. Alguns bons candidatos ficaram pelo caminho: seja porque fizeram a prova escrita de maneira deficiente, seja porque o anteprojeto de pesquisa apresentado se distanciava da experiência de pesquisa do Programa ou possuía falhas e contradições, seja porque o CV Lattes apresentado não continha comprovações, seja porque passaram mal pela entrevista. Em função disso, decidi fazer um post com algumas recomendações para os futuros candidatos ao nosso mestrado.
A turma selecionada é muito boa, mas não conseguimos preencher todas as vagas: das 22 abertas, 20 foram preenchidas. Não por falta de candidatos, mas o fato é que nem todos conseguiram atender às exigências do processo seletivo e chegar ao final. Alguns bons candidatos ficaram pelo caminho: seja porque fizeram a prova escrita de maneira deficiente, seja porque o anteprojeto de pesquisa apresentado se distanciava da experiência de pesquisa do Programa ou possuía falhas e contradições, seja porque o CV Lattes apresentado não continha comprovações, seja porque passaram mal pela entrevista. Em função disso, decidi fazer um post com algumas recomendações para os futuros candidatos ao nosso mestrado.
Ficam, assim, algumas dicas para
quem quiser se preparar melhor para a seleção do ano que vem:
1. É possível assistir as
disciplinas como ouvinte. Solicite informações na secretaria do Programa
durante o período de matrícula (fevereiro). Isso pode ser bom para decidir se
você realmente quer fazer o mestrado e também para se preparar para a seleção,
já entrando no rítimo do curso, conhecendo as pesquisas desenvolvidas e
adequando seu anteprojeto à realidade do Programa. Fazer uma disciplina como
ouvinte também permite que você se faça conhecer pelos professores, o que pode
ajudar na hora da entrevista. Mas atenção: é preciso mostrar compromisso: ler a
bibliografia, participar das discussões e fazer os trabalhos. Assim como se
demonstra capacidade também se demonstra o contrário...
2. Outra possibilidade é
participar dos Grupos de Pesquisa. Em geral eles estão abertos a quem quiser
participar. Para isso, entre em contato com o(a) professor(a) coordenador(a) do
Grupo e peça para fazer parte. As reuniões podem ser semanais, quinzenais ou
mensais, conforme o rítimo do Grupo. Isso pode ajudar bastante na definição e
na adequação do antreprojeto e, igualmente, possibilita que sua disposição de
trabalho seja conhecida pelos professores.
3. A dica mais importante é esta:
adéqüe seu anteprojeto às pesquisas que estão sendo realizadas pelos
professores do Programa. Nenhum mestrado quer uma idéia nova, o que se quer é
que você se disponha a participar das pesquisas já em curso. Isso ocorre porque
a realidade da pesquisa é a construção coletiva, que permite profundidade na
investigação. Guarde as suas idéias para depois que você for doutor. Sintonize
com os Grupos de Pesquisa e mostre que você pode fazer parte de uma equipe já
consolidada. Não há trabalho científico, atualmente, que não seja um empreendimento
coletivo. Assim, se você propõe um tema que não se relaciona com o esforço de
pesquisa em curso, suas chances de aprovação diminuem drasticamente. Daí a
importância de participar dos Grupos de Pesquisa e de ler os trabalhos do(a)
possível orientador(a).
4. Em decorrência, faça um
anteprojeto coerente com o trabalho do orientador(a) que você escolheu. Conheça
a bibliografia que ele(a) utiliza, cite os resultados que ele(a) já alcançou e
explicite a sua intenção em participar do trabalho em curso.
5. Por mais que o espaço do
anteprojeto seja pequeno (10 páginas), procure demonstrar conhecimento do
assunto. Cite autores, explore as contradições entre eles, construa hipóteses
conseqüentes.
6. O Ppgcom oferece um curso de
mestrado acadêmico (e não profissional). Em função disso, o anteprojeto deve
propor uma pesquisa, e não uma “ação”. Assim, se você propor realizar coisas
como vídeos, jornais, campanhas de publicidade, coletivos, ações culturais, etc
estará automaticamente fora da seleção. Da mesma maneira, embora não seja
desclassificado, você perde pontos se propor, como pesquisa, encontrar soluções
ou fazer medições que atendam a interesses simplesmente mercadológicos ou
prospectivos.
7. Enriqueça seu Lattes. Quem quer
fazer mestrado demonstra isso participando de eventos científicos, como
congressos, seminários e cursos. Se puder apresentar trabalhos nesses eventos,
muito melhor. Se você não demonstrar esse percurso suas chances diminuem.
8. Organize seu Lattes. Não deixe
de comprovar, com certificados e declarações, o que você fez. Ah, e por favor,
coloque tudo na ordem do Lattes.
9. Leia a bibliografia da prova
escrita, mas procure demonstrar que você pode ir além dela. Evite um tom
impressivo na escrita: seja dissertativo, pratique a dialética, relacionando os
autores lidos às suas considerações próprias e a seus exemplos.
10. Na entrevista, seja objetivo e
procure valorizar seu anteprojeto, indicando de que maneira ele se relaciona à
experiência de pesquisa do Programa. Evite descrições de desventuras pessoais e
familiares; não evoque revezes e nem diga que fazer o mestrado é um sonho; não
chore; não se diga “filho do interior”; não alimente a banca (não ofereça
biscoitos e nem outros açúcares à banca, em geral de regime); não diga que deixou o emprego para se
dedicar ao processo seletivo (isso sempre parece pedante e inevitavelmente soa falso); não espalhe ícones
religiosos sobre a mesa e nem proponha à banca fazer uma prece, de mãos dadas,
antes da entrevista. Ah, e também dispense abraços entusiasmados e beijos
lambuzados – um simples (e firme) aperto de mão é mais do que suficiente para a
ocasião. Atenha-se à sua capacidade de pesquisa, mostrando como seu anteprojeto
se insere num ciclo de produção coletivo e como você está aberto a participar
desse diálogo.
Comentários
Obrigado pelo comentário. Sim, o processo é estritamente impessoal, pois somente na fase da entrevista os avaliadores sabem quem é o candidato avaliado nas fases anteriores. Não há como ser anônimo numa entrevista, e, nela, pesa o reconhecimento da capacidade de trabalho do candidato. A referência que fiz deixa claro isso, espero. E em relação à pontuação dos itens, ela está no Edital, basta acompanhar. A respeito do que vc fala sobre "repetição de ideias", creio que houve uma interpretação incorreta. Esclareço: é importante ver o mestrado como um treino de pesquisa: o tempo de duração é estritamente limitado e o que conta é a capacidade de inserção num esforço coletivo. Por isso, não é esperado, do mestrando, ideias brilhantes, mas sim a capacidade de aprender a pesquisar e contribuir com um esforço coletivo em curso - por, afora o romantismo de alguns, é essa a realidade da pesquisa científica. E isso não tem nada a haver com uma "simples repetição de ideias", como você diz, mas sim com o avanço, com o acréscimo e com o diálogo.
Qualificação é só uma questão de construção. Bom trabalho e espero vê-lo em breve.