Estou impressionado com o fanatismo politico do Ministério
Público. Chegou-se ao nível de produzir um espetáculo que deveria ser a
culminância da operação Lava Jato e se comete o mais primário dos erros: não apresentam uma
única prova contra Lula.
No lugar de provas, uma verborragia histérica e ideológica, uma
retórica adjetiva pautada pelo ódio. E tudo isso tendo por astro principal um
rapazinho gaguejante conhecido pelo fanatismo religioso.
O desfecho foi pífio. Um tiro no pé da direita dos golpistas.
Os tempos são de cólera e de deslimite do bom senso. Procuradores do MPF, juízes e
ministros do STF francamente partidarizados se prestando a um show politico
estilo Faustão que tem por único objetivo abastecer a mídia golpista de
bla-bla-blá e, assim, disseminar o ódio e a intolerância contra Lula e o PT.
Jeferson Miola apresentou, no blog do Miro, um raciocínio
interessante: De acordo com os
argumentos do juizote escalado para o show, Lula seria o “chefe da quadrilha” mas,
enquanto PMDB, PP, PTB, DEM, PSDB recebiam R$ 6,2 bilhões em propina na
Petrobrás ele próprio teria sido beneficiado com R$ 3,7 milhões, o equivalente
a 0,0597% do volume total.
Pior
e mais incrível: supõe-se que Lula seria o chefe de um esquema a partir de depoimentos
de gente que incrimina, em suas delações premiadas, Aécio, Temer, Cunha e o
ministro Gilmar Mendes mas que nunca citaram o nome de Lula…
Luís Nassif, em seu blog, fez uma síntese da situação: é isso que dá "conferir um poder avassalador para procuradores sem discernimento, que sabem apenas jogar para a mídia", sintetizando assim o ocorrido: "Com esse espetáculo burlesco, os procuradores da Lava Jato facilitaram o trabalho dos que pretendem esvaziar sua atuação". Ou seja, acabar com a Lava a Jato.
E dá nome próprio ao espetáculo midiático-jurídico de ontem: denúncia inepta.
Já o Miguel do Rosário, no seu blog O Cafezinho, num artigo muito bem entitulado "O papel tragicômico da Lava Jato", sintetiza como essa forma de delação sem provas, em voga no Brasil de hoje, faz parte de uma época de irracionalismo e de ódio ao lembrar que
"tudo começou com aquela frase fatídica de Rosa Weber: não tenho provas para condenar José Dirceu, mas a literatura me permite fazê-lo".
E ao dizer que "aquela frase marca uma era, é o resumo de toda uma época histórica, que começa em meados de 2005, com a midiatização judicial do escândalo do mensalão, culminando com o golpe de Estado de 2016 e a caça midiático-judicial a Lula".
Jeferson Miola sintetiza a questão da seguinte maneira: “Ora,
como Lula poderia ser o “comandante máximo”, o “grande general”, o “regente”, o
“maestro”, o “vértice da pirâmide”, o “líder máximo”, o “dirigente central” de
um esquema bilionário de corrupção no qual seus inimigos se beneficiaram com
99,94% da corrupção que ele, supostamente, teria se beneficiado com 0,0597%?”
Sua conclusão é perfeita:
“O ataque a Lula e ao PT não é apenas uma violência contra uma parcela
da sociedade brasileira, mas é um ataque mortal à democracia e ao Estado de
Direito. A democracia e a Constituição do Brasil encontram-se seriamente
ameaçadas pela obsessão doentia de procuradores obcecados e cegos pela fé, e
não pela razão e pela Lei.
Quando o fanatismo odioso e estigmatizador domina as consciências
jurídicas e democráticas, a sociedade corre o sério risco de descambar para
regimes totalitários. O nazismo, por exemplo, se plasmou na Alemanha dos anos
1920/1930, apoiado em dogmas desse tipo”.
Demos mais um passo em direção à pior.
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