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Practices of the self. Diario de trabalho, livro de notas, bloco de reminiscência ou mesmo lista de compras, segundo M. Foucault. Observe-se mesmo que F. differentiates the Greek use of these (in Stoic times at least) from the later Christian practice of confessional texts. On the contrary, says F., hupomnemata were used not to uncover the hidden self through disclosure and confession, but to record the already-said.

This probably does not exhaust the notion of a reconstituion of the self expectatives, mas convém delimitar o que seja o Eu que se representa por meio de notas, de praticas reservadas e ao mesmo tempo publicas. De fato, a historical analysis might show how that process of a self-reflexion atua, changes, permite-se enfim. Em todo caso, se trata de um processo de organização da liberdade própria do ser. Foucault called this "the ethics of the concern for self as a practice of freedom" a bit of a mouthful, but with the essential elements of practice (askesis), ethics (as ethos) and freedom.

Mas, que vem a ser Hupomnemata? Em primeiro lugar, fala-as hipomnêmata – com i. Deixo a palavra a F.: "Em sentido técnico, os hupomnêmata podem ser livros de conta, registros públicos, mas também cadernos individuais que servem para tomar notas. Sua utilização como livros de vida, ou guias de conduta, parece ter sido uma coisa bastante corrente, pelo menos entre um certo publico cultivado. Nestes cadernos, colocam-se citações, extratos de obras, exemplos tirados da vida de personagens mais ou menos conhecidos, anedotas, aforismos, reflexões ou pensamentos. Eles constituem uma memória material das coisas lidas, ouvidas ou pensadas; e eles fazem destas coisas um tesouro acumulado para releitura e meditação ulteriores. Eles foram assim um material bruto para a escritura de tratados mais sistemáticos nos quais se colocam os argumentos e meios de lutar contra algum defeito (como a cólera, a inveja, a bisbilhotice, a lisonja) ou então superar um obstáculo (um luto, um exílio, uma ruína, uma desgraça)". Michel FOUCAULT, in A propos de la généalogie de l'éthique: un aperçu du travail en cours.

Não são diários íntimos ou narrações de si. Também não são a revelação de segredos escondidos ou formas de dizer o não-dito. Trata-se, sim, de lembrar o já-dito, de reunir o que pode ser lido ou escutado alhures. São técnicas de construção do si mesmo, mas não estão baseados no egoísmo tácito desse tipo de estratégia: "Tal é o objetivo dos hipomnêmata: fazer da lembrança de um logos fragmentário, transmitido pelo ensinamento, escuta ou leitura, um meio de estabelecer uma relação consigo tão adequado ou perfeita quanto possível" (M. Foucault, idem)

Neste caso preciso, devendo um Hupomnemata - ou não, portanto - justificar-se, poderia reconstituir um raciocínio que vinculasse uma askesis, uma prática, do ciberespaço, com um ethos, este último baseado num desejo profundo de liberdade. Como se falar para si mesmo fosse, no fundo, falar também para os outros. O que eu, particularmente, concluo é que a teia oferece uma possibilidade infinita de liberdade, tal como tinham os gregos antigos com os seus Hupomnemata: uma liberdade associada à pratica, à askesis. Razão precisa pela qual estou aqui: decorrente da vontade de reflexão e de explicação, de autocrítica, de ampliação de todos aqueles diálogos que as condições contemporâneas do cotidiano de todos nos tornam escassos, simples, rudes - cabendo desse modo notar que o ciberespaço acaba por constituir não apenas um lugar de reconstituição dos tecidos anteriormente associados à vida, ao cotidiano, mas, também, um espaço de ampliação das possibilidades do humano e, assim, da cultura.

Ademais, é também interessante a possibilidade de ampliar o espectro do dialogo que tenho com os amigos, colegas, conhecidos, etc. E isso porque o fato inconteste e chato que demarca minha vida é que nunca tenho tempo para, simplesmente, encontrar as pessoas. Aliás, não tenho tempo e nem estrutura, na medida em que sempre tenho muito trabalho para fazer, muitas coisas da casa para cuidar, a chateação da vida prática tipo contas a pagar, documentos e encaminhar, etc, sem contar na casa em construção (parada, mas, de fato, under construction) etcs. Ainda na semana passada encontrava um amigo depois de todos esses anos, uns fora de Belém e outros sem “circular” por Belém e ele dizia que é decisivamente impossível me encontrar. Isso é um fato: eu não saio de casa nunca, não suporto lugares com muita gente, não suporto lugares diferentes e não suporto as condições sociais impostas por essas formas de convívio baseadas na eventualidade e na efemeridade (o bar, o show, a praça, a estréia, o vernissage, etc) - ainda por cima sobredesenhadas com um ar falsamente leve, de fingida alegria.

Afinal, resta dizer que estabeleci este blog, sobretudo, porque gostaria de compreendê-los. E escrever um artigo sobre. Idéia para começo de artigo : As formas de comunicação estabelecidas pela internet já foram descritas como ambientes promotores de novas condições de associação, interação social e comunitarismo. Da simples construção de personas virtuais por meio dos sites pessoais às salas de chat, passando pelas várias formas de cadastro e pelas listas de discussão, assiste-se, à medida em que evolui o ambiente tecnológico informatizado, a uma crescente complexidade dessas formas de comunicação e interação. Dentro desse cenário, no entanto, parece ser o blog, no momento atual, o ambiente tecnológico mais propício à formação de tecidos comunicativos conjuntivos. Por tecidos comunicativos conjuntivos gostaria de descrever um padrão comunicativo baseado numa integração de maior duração que a verificada nos protocolos www, ftp, listas de discussão e chats. Conjuntivos, pelo caráter agregador que geram.

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