O tema central das aulas da semana é o tema do herói, ou de sua possibilidade, na Modernidade. A partir da leitura de Benjamin, discutiremos esse tema. A princípio, proporemos que o herói da Modernidade, segundo Benjamin, é um anti-herói. É o mendigo-flâneur - o homem da multidão, lembram do conto desse nome de Edgar Alan Poe, que lemos em junho? - e também o bêbado, a prostituta, o jogador, o viciado. Sobre todas essas figuras paira o tema da infidelidade, tão inerente a seu individualismo como à sua frgailidade.
Trata-se, efetivamente, do herói de Baudelaire. Esse herói é sabido por Poe e por Baudelaire, mas desconhecido por Balzac - lembram de Rubempré, cuja trajetória acompanhamos em maio? - que, observa Benjamin (p. 78 do texto em trabalho), só conhece o grande marginal da sociedade.
Vautrin, por exemplo, ou Goriot: todos perfazem um arco de ascenção e queda. Não se assemelham aos heróis baudellaireanos, ou ao herói da vida cotidiana do século XIX parisiense. Este, na verdade, tal como os tipos citados acima, assemelha-se ao albatroz, o personagem do poema de mesmo nome de Baudelaire, que é, na verdade, uma alegoria do próprio poeta:
"Antes tão belo, como é feio na desgraça.
Esse viajante agora flácido e acanhado".
Na imagem, Charles Baudelaire.
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