Segundo pecado: Ausência de interiorização
A política cultural do PSDB produziu efeitos importantes, a ponto de ter sido, como observamos, um dos temas principais da campanha eleitoral recentemente havida. Porém, o cenário privilegiado – e quase exclusivo – desses efeitos, foi a capital do estado. As regiões do interior do estado foram tratadas como colônias da capital, e não como parte conexa de uma problemática cultural que resulta em variedade, e não em igualdade. É importante observar que a variedade não é, de forma alguma, um problema. Aparentemente, o governo não pôde compreender que a trama da variedade e da diversidade cultural é benéfica e, culturalmente, enriquecedora. Aparentemente, o governo precisou trabalhar com uma perspectiva binária, baseada em oposições elementares e reducionistas, como capital/interior, erudito/popular, paraense/migrante, procurando, por todos os meios, converter o diferente em igual – mesmo que esses meios tenham sido a inanição de recursos, o desprezo e o fechamento ao diálogo.
Os projetos de interiorização que foram elaborados pelos técnicos da Secult foram, sistematicamente, abortados. O modelo da capital foi apresentado, ao “interior”, como um modelo a ser imitado, sem que, no entanto, lhe fosse cedido meios para o fazer.
Comentários
penso que, além de simplesmente uma negligência de cartilha do partido em ordem nacional, a questão da centralização para valorização do espaço da incipiente metrópole é uma herança. A oposição reducionista que comentas é quase tão avassaladora que os partidários desta política a propalam com tal cegueira a fazer inveja a muitos.
É interessante como há um esforço desumanamente aculturador de reafirmar a política cultural junto a uma ordem espacial da verticalidade, como argumenta Milton Santos. A cidade reflete um intensão maior mercadológica e excludente, que não poderia perder de vista o modelo capialista em sua ação na dimensão espacial.
Além disso, tudo o que supostamente vem dos arredores periférios ou distantes da área territorial da cidade, materializa-se por uma prática de subserviência fágica como alude Bauman. Portanto. Como um projeto cultural para um Estado que segue essas características haveria de não reproduzir uma lógica externa? O Pará todo foi projetado para realizar uma pretensão colonizadora. O PSDB na administração que ora passou, nada mais fez que potencializar essa tendência.
Desculpe a intromissão de um aspirante a Geógrafo
Abraços
Rodolfo Braga