Segui os cursos de Bourdieu no Collège de France em 2000 e 2001, a bem dizer os últimos que ministrou antes da descoberta dos males que o combaliram tão rapidamente. Não sou bourdieusiano e penso que sua obra comete o pecado que Alan Caillé, em obra famosa em defesa de Marcel Mauss, chamou de “sociologismo”. Mesmo assim, li seus livros e artigos, e acho que ele é um dos autores mais importantes do século XX. O que falta na sua sociologia, acho, é uma maior consideração pelas dinâmicas da subjetividade. Tudo bem que essa palavra ressoa em grande parte de seu pensamento, inclusive em termos centrais, como habitus, por exemplo. Porém, toda discussão sobre a subjetividade feita por Bourdieu está centrada nos aspectos não centrais do verdadeiro problema da subjetividade. E aqui, mais uma vez, precisamos diferenciar as sociologias propriamente ditas – macroanalíticas e, segundo Alan Caillé, sociologizantes ou economicistas – das microsociologias que mais nos interessam como método de observação dos fenômenos simbólicos.
Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa. Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...
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