Falar sobre Fanon evoca o tema dos "zoológicos humanos". É um tema recorrente, sempre falo disso, eu sei, mas, enfim... é um tema que tem um poder tão grande de produzir indignação, sensação de insólito, incredulidade, que fica sendo impossível não falar nele. Aliás, é um tema contundente para o debate sobre a identidade. Na verdade o que me interessa realmente é que o tema dos zoos humanos foram, simplesmente, varridos, banidos, da memória coletiva do Ocidente. Aos olhos de um europeu atual eles parecem um relato de ficção, ou mesmo um episódio eventual. Mas não foram. E precisam ser lembrados. Tratou-se de uma prática recorrente durante décadas e marcou a passagem de um racismo darwinista de índole científica para um racismo darwinista de índole popular. Que dizer de grandes exposições universais que, nos seus zoológicos, mantinham terrenos (na verdade jaulas) nas quais abrigavam etnias humanas? Que dizer que viveiros de achantis situados entre o viveiro dos camelos e o dos zulus? Que, enfim, dizer da distinção social corrente, entre "raças primitivas" e "raças civilizadas"?
O darwinismo social de Gustave Le Bon é a origem dos estereótipos correntes em nossos dias. O impressionante é como essas idéias se tornaram recorrentes, mesmo mudando o objeto. Essa é a essência do trabalho de Fanon: a percepção de como o preconceito, a arrogância e a violência são temas recorrentes, ou seja, estão no fundo ideológico de toda ação social.
O darwinismo social de Gustave Le Bon é a origem dos estereótipos correntes em nossos dias. O impressionante é como essas idéias se tornaram recorrentes, mesmo mudando o objeto. Essa é a essência do trabalho de Fanon: a percepção de como o preconceito, a arrogância e a violência são temas recorrentes, ou seja, estão no fundo ideológico de toda ação social.
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