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Por uma crítica da noção de habitus 2

Em conseqüência, o habitus é visto, por Bourdieu, como um “condicionamento” – no horizonte do que esta palavra tem de “condicionante” e “determinante”. Evoquemos, para comprová-lo, o que escreve o sociólogo em O Senso Prático: “Os condicionamentos associados a uma classe particular de condições de existência produzem os habitus, sistemas de disposições duráveis e transmitíveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, ou seja, como princípios geradores e organizadores de práticas e representações que podem ser objetivamente adaptadas a seu fim sem pressupor uma ação consciente de fins e o controle expresso das operações necessárias para atingi-los” (“Les conditionnements associés à une classe particulière de conditions d'existence produisent des habitus, systèmes de dispositions durables et transposables, structures structurées prédisposées à fonctionner comme structures structurantes, c'est-à-dire en tant que principes générateurs et organisateurs de pratiques et de représentations qui peuvent être objectivement adaptées à leur but sans supposer la visée consciente de fins et la maîtrise expresse des opérations nécessaires pour les atteindre” - Le sens pratique, Minuit ,1980, p.88). Não obstante, há uma diferença sensível entre a percepção bourdieusiana e o efeito de “condicionamento” presente nas sociologias de filiação marxista menos contemporêneas. Essa diferença está expressa na idéia de que as ações sociais, pela força do habitus, são coletivamente orquestradas sem que sejam o produto de um maestro (“collectivement orchestrées sans être le produit de l'action organisatrice d'un chef d'orchestre” – ib.)

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