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Por uma crítica da noção de habitus

Antes de tudo, em Bourdieu, o habitus é uma estrutura: “Estrutura estruturante, que organisa as práticas e a percepção das práticas, o habitus é, também, estrutura estruturada” (“Structure structurante, qui organise les pratiques et la perception des pratiques, l’habitus est aussi structure structurée” - La Distinction, Minuit, 1979, p.191). Esse princípio assinala a principal filiação sociológica do seu pensamento no marxismo, posto que, como ele mesmo diz, logo a seguir, o habitus, ao ser simultaneamente estrutura estruturante e estruturada, é “o princípio da divisão em classes lógicas que organiza a percepção do mundo social” e que é, em decorrência disso, “o produto da incorporação da divisão em clsses sociais” ("le principe de division en classes logiques qui organise la perception du monde social est lui-même le produit de l’incorporation de la division en classes sociales” - La Distinction, Minuit, 1979, p.191). Ora, perceber o habitus como uma pratica recorrente que se molda estruturalmente assinala com precisão a propensão em compreender o fato social como conseqüência de uma dinâmica mais ampla que ele mesmo, ou seja, como subproduto de algo superior à sua própria imanência.

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