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Ciberativismo

Na caixa de comentários do post Irã: Desobediência Civil alguém como que se perguntava “e que eu tenho a ver com isso?”. Não posso deixar de registrar minhas impressões a respeito: o que está acontecendo no Irã extrapola a revolta popular contra uma eleição provavelmente fraudulenta. Extrapola ainda as reinvindicações paralelas, pelo direito das mulheres, da liberdade de crença, de expressão, de comunicação. E também extrapola a demonstração popular de que se deseja, no Irã, uma reversão do regime dos mullahs. E a tanto extrapolando, extrapola também às identidades nacionais e nos coloca humanos como eles e a um passo deles. Os acontecimentos no Irã, potencializados como estão sendo pela guerrilha digital, nos convidam ao engajamento, ao ciberativismo, à cyberwar e nos fazem perceber que as revoluções do futuro, também elas, serão feitas pela internet - ou não serão feitas.

Comentários

Ola Odair,
O cyberativismo, neste caso, está usando os diversos sites do tipo "rede social", como o Facebook ou o Orkut e microblogs, como o Twitter, para lançar informação (relatos do que está aacontecendo, fotos, filmes, sons). Como esses sites estão sendo monitorados pelo governo, eles estão usando táticas de despistamento (por exemplo, o software Tor). Num outro plano, eles estão usando recursos de multiplicação de acessos, para gerar sobrecarga nos provedores e, assim, derrubar as redes de comunicação oficiais. Fora outras estratégias. "Rádios de panela", ou seja, com transmissores improvisados em panelas de pressão (coisa do ativismo italiano dos anos 1980) também estão sendo usadas. E mais um monte de ferramentas, mais ou menos improvisadas. Em Shiraz um varal de roupa foi transformado numa potente antena de captação de conteúdos. A diferença entre os hackers criminosos ao qual vc se refere é grande. O que faz essa diferença é um critério político: no Irã, neste momento, a internet está sendo usada para reivindicar a liberdade. Numa instância muito profunda isso mostrar que as pessoas de um país não são iguais a um Estado e nem a algo tão abstrato como esse negócio de "nação", "país", "identidade". Mostra que gente é gente e Estado é Estado. Ajuda a desconstruir os preconceitos e a imensa burrice que é o nacionalismo, qualquer que seja, em qualquer tempo.

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